Embora procure demonstrar tranqüilidade, o técnico Luiz Felipe Scolari está começando a ficar desesperado. Ainda corre atrás de uma solução para os inúmeros problemas. Como fazer o Brasil vencer? Usar o tradicional esquema 4-4-2, o 3-5-2, dar balão para a área e esperar a bola entrar ou reconhecer que o time tetracampeão do mundo não é mais o melhor? Já se tentou de tudo nos últimos meses na seleção brasileira e nada deu certo. Neste ano, a campanha é uma das piores da história. A equipe tem apenas 30% de aproveitamento, mesmo tendo enfrentado adversários de nível baixo, como Equador, Peru, Canadá, Japão, México e Austrália. Como vem se tornando rotina, a "solução", mais uma vez, será fazer mudanças. E elas deverão ser radicais. Desta vez, no entanto, precisam dar resultado. Caso contrário, o até então favorito Brasil pode dar adeus à Copa América já no domingo, o que seria uma catástrofe para a própria competição. Um tropeço contra o Peru, às 18 horas (de Brasília), deverá ser fatal. "Não sei se estamos nivelados por baixo; se considerarem que fazer uma partida equilibrada contra o México é se nivelar por baixo, então estamos, mas eu acho que eles jogaram bem." Os mexicanos estão, contudo, na penúltima colocação da zona da Concacaf nas eliminatórias para a Copa do Mundo, atrás de times como a Costa Rica, os Estados Unidos e a Jamaica. Se mantiveram a atual colocação, estariam fora do Mundial. "A bola tem chegado aos atacantes, mas está faltando o gol", tentou explicar o treinador. Na derrota para o México por 1 a 0, porém, o goleiro Pérez não precisou fazer grandes defesas. Teve pouco trabalho. As alterações para o jogo com o Peru vão desde a defesa até o ataque. O lateral-direito Belletti, que chegou nesta sexta-feira a Cali, tem boas chances de entrar no lugar de Alessandro. O lateral-esquerdo Júnior, ex-Palmeiras, deve ganhar uma vaga no time. Roger pode ser deslocado para a zaga e, nesse caso, o Brasil atuaria com o esquema 3-5-2. O volante Fábio Rochemback está com a corda no pescoço. Foi muito mal diante do México. E, no ataque, as possibilidades de Denílson iniciar a partida são grandes. Felipão está sentindo na pele as dificuldades de se dirigir uma seleção brasileira em má fase. Não usa mais o estilo durão que o consagrou, fala manso com os jogadores, está sendo diplomático com os dirigentes e prefere não tomar atitudes radicais que possam comprometer seu relacionamento com seus superiores. Às vezes, porém, perde a paciência. Quando perguntado se acreditava que o Brasil pudesse ser eliminado já na primeira fase da Copa América, ele mostrou toda sua irritação. "É claro que não, fizemos só uma partida. Esse tipo de pergunta parece que é feito apenas para irritar", esbravejou.