As torcidas organizadas correm risco de serem classificadas como organizações criminosas pelo governo argentino, após manifestações, ao lado dos aposentados, em Buenos Aires nesta semana, contra o governo de Javier Milei. Patricia Bullrich, ministra de Segurança, afirmou que irá avançar com um projeto de lei para a “proibição total” das barrabravas – como são chamadas as torcidas na Argentina.
“Eles vieram preparados para matar. Vieram com tudo, para tomar o Congresso. Roubaram armas de fogo, armas brancas, e furaram os pneus das viaturas policiais”, afirmou Bullrich, ao LN+. “Está prestes a ser envida um projeto de lei, pela proibição total e absoluta das organizadas. Vamos enviá-la ao Congresso para que sejam classificadas como organização criminosa.”
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“Quem paga esses torcedores para virem e gerarem esse nível de violência ? Vamos promover leis mais duras, com penas que lhes darão anos e anos, porque não podemos continuar convivendo com esse nível de violência”, disse a ministra.
As declarações Bullrich surgem após o último episódio de violência na capital argentina, nesta quarta-feira, em que torcedores de River Plate, Boca Juniors, Independiente, Racing, San Lorenzo e Vélez Sarsfield, entre outros, se juntaram aos aposentados diante do Congresso, contra o corte de Milei nos gastos públicos, com a intenção de diminuir a inflação, mas que afetou o poder aquisitivo deste setor da população.

Os protestos dos aposentados, em Buenos Aires, se iniciou com um pequeno grupo, ainda em 2024, e ganhou força ao longo dos últimos meses – com o aumento dos confrontos com a polícia argentina. A presença das organizadas, no entanto, se intensificou somente ao longo da última semana, após um episódio de violência da polícia com um aposentado, que vestia a camisa do Chacarita Juniors – equipe da segunda divisão argentina.
Pelas redes sociais, torcedores se uniram para participar da manifestação que, desde 2024, ocorre sempre às quartas-feiras, diante do Congresso. Além disso, uma frase de Diego Maradona – que, coincidentemente, tem as circunstâncias de sua morte julgada nesta semana na Argentina – ganhou força entre os adeptos do movimento. “Eu defendo os aposentados, como não vou defendê-los? É preciso ser muito covarde para não defender os aposentados”, disse, em 1992.
Dessa forma, torcedores de pelo menos trinta clubes de futebol, entre outros manifestantes, desafiaram os cordões policiais que tentavam liberar as ruas em frente ao Congresso. Alguns quebraram a calçada e atiraram as pedras contra a polícia, que respondeu com spray de pimenta, bala de borracha e canhões de água.
Inicialmente, a ministra da Segurança havia informado 150 prisões. Mais tarde, o ministério confirmou 124 detidos. Outas 46 pessoas, incluindo manifestantes e policiais, ficaram feridas, sendo uma delas em estado grave. / COM AFP