Se os 11 jogos deste Campeonato Brasileiro apitados por Edilson Pereira de Carvalho foram considerados ?contaminados? pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva e por isso anulados, qual a justificativa para que os seis confrontos sob suspeita do Nacional do ano passado também não sejam repetidos? O clube mais interessado em receber tal resposta é o Guarani. Isso porque em seu depoimento na Polícia Federal, o ex-árbitro admitiu ter entrado na chamada Máfia do Apito em outubro de 2004, período a partir do qual o clube de Campinas empatou duas vezes em confrontos em que Edilson estava presente ? diante de Ponte Preta (0 a 0, 24/10) e Goiás (1 a 1, 31/10). Foi rebaixado logo em seguida. Porém, se vencesse ao menos uma destas partidas, isso não ocorreria. O vice-presidente do Guarani, Edson Torres, diz que o clube se sente prejudicado e vai procurar seus direitos. ?Nosso Departamento Jurídico vem analisando a melhor ação. Vamos procurar a Justiça Desportiva e, depois, se necessário, a Justiça comum.? O time terminou a competição na 22.ª posição, com 49 pontos. O Botafogo, que beirou a queda, na 20.ª colocação, ficou com 51. ?Se a gente vencesse apenas um destes dois jogos, ficaríamos na Primeira Divisão?, lamenta o dirigente, coberto de razão: com mais dois pontos, o Guarani se igualaria na pontuação ao Botafogo, mas o ultrapassaria no primeiro critério de desempate, número de vitórias: 12 a 11. Um dos integrantes da investigação, o promotor Roberto Porto, do Gaeco, afirma não ser possível precisar a dia do mês de outubro em que Edilson Pereira passou a fazer parte do esquema de manipulação. Portanto, até que surja prova contrária, todos os seis jogos apitados por ele a partir daquele mês ficam sob suspeição. São eles, além das duas partidas do Guarani já mencionadas: Paysandu 2 x 2 Flamengo (7/10/2004), Paysandu 1 x 1 Paraná (14/11/2004), Paraná 2 x 1 Goiás (27/11) e Internacional 2 x 1 Paraná (19/12/2004). O Paraná, em três jogos do período vulnerável de Edilson Pereira, alcançou 4 pontos, uma vitória e um empate. Como finalizou a competição com 54 pontos, passaria a 50 ? pontuação igual à do rebaixado Criciúma ? e precisaria de um empate ao menos para nem sequer depender do desempenho do Guarani para não cair. Nas outras colocações da tabela, nenhuma mudança significativa ocorreria. O Brasileirão de 2004 foi vencido pelo Santos, seguido por Atlético-PR e São Paulo. Prejuízos - Para Edson Torres, ?o prejuízo do Guarani com a queda para a Série B é imensurável?. Calcula, preliminarmente, em cerca de R$ 10 milhões o dinheiro que deixou de entrar no caixa. Eis as contas: o clube, na Primeira Divisão, receberia R$ 12 milhões de direitos televisivos. Na Segundona, ganhou R$ 7,5 milhões a menos que isso: R$ 4,5 milhões. ?Sem contar o desgaste da imagem do clube, que não dá para se calcular, sem contar que o valor do nossos patrocínios subiriam... São tantos detalhes que tenho até dificuldade em precisá-los?, disse.