Juvenal Juvêncio vive dias de ansiedade, longe dos holofotes, em sua sala no Morumbi e em casa. O presidente são-paulino quer evitar falar do jogo de domingo com o Fluminense ou demonstrar euforia, às vésperas da rodada que pode transformar seu time no primeiro hexacampeão brasileiro. Mas não deixa de falar do ótimo momento do clube e de sua satisfação com o trabalho de Muricy Ramalho. Veja também: Hugo fala sobre a recuperação do São Paulo Jogadores do São Paulo não acreditavam na disputa pelo título Rodrigo: a uma vitória de cumprir uma promessa no São Paulo Bicampeões são-paulinos reconhecem ansiedade pelo tri Meia-atacante Hugo comemora sua boa fase e a do São Paulo Volante Zé Luís inicia recuperação de cirurgia no Reffis São Paulo mobiliza campanha em favor dos desabrigados em SC Dunga elogia organização do São Paulo no Brasileirão TV Estadão: São Paulo e Grêmio, quem vai ser campeão? Vote: Quem será campeão brasileiro: São Paulo ou Grêmio? Simule os resultados das rodadas finais da Série A Brasileirão Série A - Classificação Dê seu palpite no Bolão Vip do Limão O dirigente, aliás, foi longe ao analisar o treinador. "Meu objetivo é fazer do Muricy o novo Telê", declarou. Telê Santana ficou cinco anos no São Paulo (de outubro de 1990 a janeiro de 1996) e conquistou, entre outros títulos, duas Libertadores e dois Mundiais. Juvenal sofreu pressão para demitir Muricy após a eliminação na Libertadores e o início ruim no Brasileiro, mas agüentou firme. O técnico são-paulino vai encerrar, após a partida contra o Goiás, em 7 de dezembro, sua terceira temporada no clube, e tem contrato para mais uma. Certamente será assediado por outras agremiações e tem o nome cotado até para a seleção brasileira. A intenção, no entanto, é permanecer no Morumbi e buscar sua primeira conquista de Libertadores. No que depender de Juvenal, seu ciclo ainda está bem longe de terminar. O presidente do São Paulo já faz planos para 2009. Além de prometer um time forte - que buscará o tetra continental -, garante que o torcedor verá um novo Morumbi. "O piso térreo (anel inferior) será reformado, com novos assentos, cinema, escola de inglês, restaurante." Nesta entrevista concedida nessa quinta-feira ao Estado, por telefone, de sua casa, Juvenal não perdeu a oportunidade de cutucar os rivais. "Estamos muito à frente", declarou. "Todos gostariam de ser o São Paulo." Estado - A que deve, em sua opinião, a reação do São Paulo no Campeonato Brasileiro? Juvenal Juvêncio - Essa análise é profunda, gostaria de fazê-la depois do campeonato. De qualquer forma, faz parte de um processo. Quando voltei ao futebol do São Paulo (em 2003), fazia 10 anos que não disputávamos uma Libertadores. Agora iremos à competição pela sexta vez consecutiva, é um recorde no Brasil. Se vencermos o Brasileiro, seremos os primeiros a conquistar o tri. Como fomos os primeiros a ser pentacampeões e podemos ser os primeiros hexacampeões. As estatísticas dizem tudo. Aqui o trabalho é feito com a razão, não com a emoção. O senhor acha, então, que o São Paulo está bem à frente dos outros clubes brasileiros ou há algum no mesmo nível? Estamos muito à frente, sem nenhuma dúvida, e os outros sabem disso. Todos gostariam de ser o São Paulo, pelas glórias, pela gestão, por sua posição, pelo patrimônio.A lgumas observações que (os outros clubes) fazem contra o São Paulo são motivadas por inveja. Eles precisam dar justificativas para seus torcedores e, por isso, nos criticam. Depois, pegam o telefone e nos ligam pedindo desculpas. O senhor segurou o Muricy e o time reagiu. Quais os planos para ele? Pretende tê-lo no clube por bastante tempo, como ocorreu com o Telê Santana nos anos 90? Meu objetivo é fazer do Muricy o novo Telê. Ele é competente e trabalhador. E se o Muricy for para a seleção brasileira? Não vejo problema nisso. Acho que vale a pena mantê-lo, ainda que vá para a seleção. Ele pode trabalhar paralelamente nos dois, mesmo que esteja numa Copa do Mundo. A não ser que a CBF não concorde com isso. O Muricy pode ganhar o terceiro Brasileiro, mas não conseguiu o título da Libertadores. Ele é um técnico de pontos corridos e não de mata-mata, ou não existe isso? Não estou de acordo com os que dizem isso. O que houve é que o time não estava ajustado na época da Libertadores. E não houve tempo de recuperação. Lá, ou mata ou morre. O Brasileiro é longo e possibilita a reação. Técnico que é bom nos pontos corridos é bom também no mata-mata. O São Paulo vai dar total prioridade à Libertadores em 2009, depois de ter perdido a competição nos últimos três anos? Queremos vencer a Libertadores, mas não vamos dar prioridade a uma competição. Temos de entrar para vencer todas as disputas... Mas é preciso fazer planejamento. Recentemente, quando entramos na Sul-Americana com um time reserva sabíamos bem o que estávamos fazendo. Não dava para jogar no México, voltar, ir para Recife, voltar. Isso não é campeonato. Outros times tentaram nos copiar depois, mas acabaram tendo prejuízo. Se a competição não mudar, não tiver outros atrativos como vagas na Libertadores, continuaremos dando o mesmo tratamento. A Sul-Americana, além das viagens desgastantes, não dá dinheiro, não dá lucro e não vale nada. Quais os planos para 2009 no futebol e no marketing? Vamos manter um time forte e investir ainda mais no marketing. O marketing do futebol brasileiro é amador, mas vem melhorando. Nós estamos anos-luz à frente dos demais e, em 2009, nossa arrecadação vai triplicar. Não vamos mais precisar vender um jogador por ano para fechar a conta. Assinamos uma parceira com a Visa (de cartão de crédito), que vai reformar todo o setor térreo do Morumbi. O anel inferior terá acabamento de shopping center. As obras começarão já em janeiro, e não é balela. Vamos ter cinema, churrascaria de alto nível, escola de inglês. Todos os assentos serão trocados, os banheiros serão refeitos, nenhuma peça do que está lá hoje vai ficar. Vamos aumentar a cobertura, quem estiver nos primeiros bancos do anel inferior não vai tomar chuva. E na obra não vai entrar um níquel do São Paulo. Hoje não há mais espaço para aquela coisa arcaica. Os estádios não têm manutenção, porque não há dinheiro para isso. Mas nosso estádio está num bairro nobre, o Morumbi, e tem de ser movimentado diariamente - não apenas em dias de jogos. A utilização dele vai aumentar muito as nossas receitas. Por que o São Paulo vai fechar 2008 com déficit (a previsão é de cerca de R$ 12 milhões)? Se o time não vai bem na Libertadores, a projeção de ganho diminui muito. Neste ano, calculamos perda de R$ 19 milhões em marketing, premiação e contratos com nossa desclassificação (a equipe foi eliminada pelo Fluminense nas quartas-de-final). Também perdemos por não termos chegado à final do Campeonato Paulista (o time caiu na semifinal diante do Palmeiras), além de não termos vendido jogadores.