Juventus renasce com R$ 29 mil por mês

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Por Agencia Estado
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Um ano após passar pelo vexame do rebaixamento, o Juventus está de volta à elite paulista. Sob o comando de Edu Marangon, a equipe mais barata da Série A2 fez campanha brilhante e já sonha em justificar o apelido de Moleque Travesso diante dos grandes. Com folha salarial de R$ 29 mil mensais, o querido time da Mooca superou todas as expectativas e com uma rodada de antecedência garantiu o acesso e vaga na decisão do título da Segunda Divisão. E, não satisfeito, faz projetos mais ousados. "Vamos atrás dos títulos da A2 e da Copa Estado de São Paulo, que vale vaga na Copa do Brasil de 2006", afirma o técnico Edu. "E ano que vem queremos justificar o apelido de Moleque Travesso, voltar a aprontar contra os grandes e, se Deus quiser, bastante," diz o entusiasmado gerente de Futebol, Celso Abrahão. O pontapé inicial para o ressurgimento do Juventus - após a queda no Paulista cogitava-se até o encerramento do futebol no clube - começou em 11 de maio de 2004. Morador da Mooca, o técnico Edu Marangon acabara de se desligar do Vila Nova-GO. Num casual encontro com um amigo, soube da triste situação do Juventus. Contatos com o presidente Armando Raucci e acordo de dois anos à frente de seu time de coração. "Pegamos o clube às moscas", revela. Edu assume com autonomia total. Primeiro formou uma comissão técnica com pessoas de sua confiança. Trouxe Abrahão, os auxiliares Luizinho e Vinícius, seu filho, o preparador físico Bonna e o roupeiro Jorge. O preparador de goleiros Renan chegou em 2005. Juntos, traçaram um raio X de como é difícil a Série A2. "Chegamos à conclusão de que precisaríamos de jogadores fortes e velozes", diz Edu. Na oportunidade, tinha só três jogadores no elenco. Saiu em maratona pelo interior. Buscou jogadores entre 20 e 25 anos, para ganhar salários, em média, de R$ 1.100,00 - entre R$ 500,00 e R$ 3.500,00. Pouco? Não para quem recebe em dia, 2 vezes por mês e conta com refeitório e alojamentos de primeiro mundo. Entrosou a equipe na Copa Estado de São Paulo. "A Copinha foi um laboratório importantíssimo. Sem pressão, conseguimos remontar o elenco dentro da realidade financeira do Juventus", esclarece Abrahão. O ambicioso projeto de levar o time à elite começou em 21 de janeiro. E bem: 1 a 0 no Taubaté, fora de casa. Hoje, preparando-se para a decisão do próximo domingo, na Rua Javari, soma bela campanha de 14 vitórias, 5 empates e apenas 4 derrotas. Qual o segredo para o sucesso já que, nestas 23 rodadas, a equipe nunca teve a mesma formação? "O segredo está em não termos estrelas, todos ajudam", afirma Abrahão. Mas nenhum destaque? "O time é o destaque." A união do elenco, as brincadeiras, o fato de passarem todos os dias juntos - dos 27 atletas do elenco, 19 moram nos alojamentos e os outros 8 dormem lá quase a semana inteira - tornou-se o diferencial. Basta acompanhar um treino para ter noção de como o espírito de família prevalece. Dentro de campo, Edu grita, cobra, conversa bastante com os jogadores. Fora, conta piadas, histórias e, claro, com ajuda de alguns, ?castiga? seu Jorge. Risos são inevitáveis. "Este ambiente é a melhor coisa do mundo", diz o simpático roupeiro. Apesar das gozações, racismo não existe num grupo com 16 negros. "O respeito prevalece", diz o atacante Lima. "Os branquinhos até sofrem. Renan é nosso playboy e Manu, nossa Xuxa."

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