Os torcedores que não esperem um Marcelinho Carioca entrando em campo "como uma freirinha" só porque começou a freqüentar o divã. A constatação é do analista de comportamento e psicólogo Jacob Pinheiro Goldberg, que nesta segunda-feira iniciou um trabalho de psicologia de imagem com o jogador do Corinthians. "Ele é agressivo e ambicioso, mas não perverso", avalia Goldberg. Marcelinho tomou a iniciativa de procurar ajuda psicológica após a partida contra o Atlético (PR), pela Copa do Brasil, na quinta-feira, em que foi expulso por ter chutado o lateral-esquerdo Fabiano. Dias antes, o mesmo Marcelinho falava de amadurecimento ao ignorar uma agressão do goleiro do Santos, Fábio Costa, na semifinal do Paulistão. "Às vezes, tenho um minuto de descontrole", admitiu Marcelinho, que busca melhorar sua imagem pública. O atacante recorreu à empresa Mira, que, como Goldberg, trabalhou com o piloto Ayrton Senna. De acordo com o psicólogo, Marcelinho também sofre quando infringe as regras do jogo. "Diferente do Edmundo, que entra para quebrar, ganhar e acontecer, porque não tem preocupação alguma com a civilidade." Definiu Marcelinho como o retrato autêntico do torcedor de futebol. "O torcedor vai recalcando tudo durante a semana, desde a briga com a mulher até o apagão. Quando chega domingo, ao assistir o futebol, explode, coloca para fora. Com o Marcelinho é a mesma coisa, mas ele está dentro de campo e vai aprender a domar este impulso." Goldberg explica que além de analisar o "um minuto" de impulso, é preciso trabalhar fracassos, desafios e excesso de exposição. "Exposição cria intimidade, parece que a qualquer momento um torcedor vai bater nas costas dele e chamá-lo para um chope." É essa liberdade fictícia que atiça os sentimentos de amor e ódio. "O Sócrates tinha seu mecanismo de defesa. Era mais distante do público."
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