Culpado, Marin pode pegar até 120 anos de prisão

Júri de Nova York aceita seis das sete acusações contra o ex-presidente da CBF, entre elas a de suborno: brasileiro é levado para prisão federal dos EUA

PUBLICIDADE

Por Nilza H. Barros e de Nova York

O ex-presidente da CBF José Maria Marin, de 85 anos, foi considerado culpado nesta sexta-feira na Corte do Brooklyn, em Nova York, nos Estados Unidos. A juíza Pamela Chen aceitou o pedido dos promotores e decidiu pela prisão imediata do cartola brasileiro. Ele pode pegar até 120 anos de prisão (Pamela disse que, pelos seus cálculos, ele ficará no mínimo dez anos na cadeia), mas a pena ainda não foi imposta, o que acontecerá somente após o Natal. A juíza tem de 30 a 60 dias para dar a sentença.

Centro Metropolitano de Detenção, no bairro do Brooklyn Foto: Federal Bureau of Prisions

PUBLICIDADE

Junto com Marin, outro cartola também foi considerado culpado: Juan Angel Napout, ex-presidente da Conmebol e ex-vice-presidente da Fifa. Manuel Burga, ex-presidente da Federação Peruana de Futebol, ainda não teve o veredicto de seu caso anunciado. A magistrada decidiu que os dirigentes serão conduzidos diretamente para uma prisão federal, o Centro Metropolitano de Detenção, do Brooklyn na 3.ª Avenida com a 29, em Manhattan. 

+ Após infância pobre, Marin virou milionário com política e futebol+ Para arcar com prisão domiciliar, Marin vende mansão por R$ 11,5 milhões

Os advogados do ex-presidente da CBF tentaram interceder, alegando que o réu já se encontrava em prisão domiciliar e não oferecia risco à sociedade, até mesmo por sua idade e condição física. Marin é dono de um apartamento de luxo na Trump Tower, em Nova York, onde estava recluso desde sua extradição aos Estados Unidos, em novembro de 2015. “Vamos trabalhar para que ele espere o apelo em liberdade”, disse o advogado Julio Barbosa. A juíza justificou sua decisão alegando que precisa ter certeza de que José Maria Marin estará nos EUA aguardando a sentença.

Publicidade

  Marin, Napout e Burga respondem a 13 denúncias, transformadas em 7 acusações. Há uma semana, o júri, composto por 12 pessoas, deliberava sobre o assunto após ouvir acusações dos promotores e defesas dos réus. O cartola brasileiro e seus pares cumprem prisão domiciliar em Nova York. Todos estavam no tribunal ontem. Marin foi considerado culpado na última sessão da Corte antes do Natal, embora não haja semana de recesso nos Estados Unidos. Marin era acusado de sete crimes: conspiração para recebimento de dinheiro ilícito, conspiração para fraude relativa à Libertadores, conspiração para lavagem de dinheiro relativa à Copa Libertadores, conspiração para fraude relativa à Copa do Brasil, conspiração para lavagem de dinheiro relativa à Copa do Brasil, conspiração para fraude relativa à Copa América e conspiração para lavagem de dinheiro relativa à Copa América. Ele é acusado ainda de ter recebido US$ 6,5 milhões (cerca de R$ 21,6 milhões na cotação atual) desde que assumiu o comando da CBF, em 2012.

O júri considerou Marin culpado em seis acusações. O dirigente foi absolvido apenas da acusação de lavagem de dinheiro da Copa do Brasil. Napout foi considerado culpado em três das cinco acusações contra ele. Os jurados foram instruídos pela juíza, ouviram os argumentos finais e se reuniram para deliberar por um período de seis dias, que terminou ontem. Como o caso é complexo, dúvidas sobre evidências e as instruções da juíza acarretaram na demora de um consenso. Isolados por dias, os integrantes do júri foram orientados ainda a não ler notícias sobre o caso, tampouco emitir comentários fora do tribunal.  Nos EUA, em casos criminais, quando não houver unanimidade no veredicto, cabe ao juiz convocar um novo júri. Havendo a concordância da promotoria, ele também pode absolver os réus – o que dificilmente aconteceria nesse julgamento. Embora haja um veredicto sobre os culpados, as sentenças devem demorar dias, pois o júri não determina a penalidade – essa incumbência caberá à juíza Pamela Chen.  De acordo com a praxe, os juízes costumam entregar a sentença no prazo de 30 a 60 dias. O prazo para que a juíza Pamela Chen delibere a pena é indeterminado, podendo ocorrer na próxima semana ou num prazo de até dois meses. Nesse intervalo, a promotoria deve estipular os prejuízos causados pelos réus para que a juíza estipule o valor das multas e da pena.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.