Visivelmente irritado, o diretor de seleções da CBF, Andrés Sanches, tentou explicar, na tarde desta sexta-feira, a demissão do técnico Mano Menezes. O dirigente disse, repetidas vezes, que foi voto vencido em reunião realizada na sede da Federação Paulista de Futebol (FPF), e que, por ele, o treinador seguiria no cargo."Eu achava que não era o momento, mas respeito hierarquia, entendo os motivos, entendo os critérios", disse, diversas vezes, Andrés. "Os critérios são do presidente (da CBF). A partir da próxima temporada, ele quer novos métodos, outro tipo de planejamento. Tenho que respeitar", explicou o ex-presidente do Corinthians, sempre que perguntado sobre os motivos da demissão de Mano.Andrés, porém, não apontou quais seriam esses métodos, nem o que precisaria ser mudado. Indicando que deveria ser Marin a conceder a entrevista, o dirigente revelou que não foram os resultados que causaram a demissão de Mano. "Se fosse pelo resultado, tinha sido no começo do ano, quando tinha resultados piores", argumentou.O diretor de seleções da seleção também evitou especular nomes para substituir Mano Menezes. Afirmou que o anúncio virá na primeira quinzena de janeiro e que o treinador sairá de um grupo de "sete ou oito nomes" que a imprensa irá especular. "Um desses sete é", garantiu Andrés, que também se colocou contra a contratação de um técnico estrangeiro.Ele mostrava no semblante que estava contrariado com a decisão e descontou nos repórteres que participavam da ágil coletiva realizada na sede da FPF. Quando perguntado se mais alguém se colocou contra a demissão de Mano, disse que o jornalista não sabia quantas pessoas estavam na reunião. Depois, confirmou que eram apenas três.Mas Andrés se recusou a dizer os nomes dos participantes. Quando questionado, disse que o repórter sabia quem estava no encontro. Além do presidente da CBF, José Maria Marin, também teria participado da reunião o presidente da FPF e padrinho político de Marin, Marco Polo Del Nero. "Foi conversado hoje (quarta) e decidido hoje. Mais resposta que essa não precisa", disse ele, mostrando ter sido pego de surpresa.Mesmo parecendo contrariado, Andrés disse que não irá colocar o seu cargo à disposição. Acredita que cabe ao presidente tomar decisões e a ele acatar. O dirigente até elogiou Marin: "Ele está sendo corajoso, ousado, está vendo o futebol para frente, tenho que respeitar."Além de Mano Menezes, toda a comissão técnica foi demitida, mas Andrés não quis dar nomes e não revelou a abrangência da decisão na estrutura da CBF. Foi o diretor de seleções quem ligou para Mano dar a notícia da demissão, mas a coletiva convocada por ele às pressas impossibilitou que todos os dispensados fossem comunicados.Na análise de Andrés, Mano Menezes fez um "bom trabalho" à frente da seleção. O treinador foi defendido até do resultado ruim na Olimpíada, quando todos esperavam o ouro e veio a prata. "Quantas Olimpíadas o Brasil disputou? E só ganhou duas de prata", argumentou.
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