Vinte e cinco anos depois, um outro Marolla começa a se destacar como goleiro em Jaú, interior paulista. Aos 14 anos, Renato tem como professor um jogador que defendeu o gol do Santos por meia década e chegou à Seleção Brasileira. "Pela idade, acho que ele é até melhor que o pai. Todo mundo quer ele como goleiro do time", diz, orgulhoso, Fiordemundo Marolla Júnior, 43 anos, ex-goleiro do Santos, onde atuou entre 1980 e 1985. Quase dez anos depois de parar a carreira como goleiro, Marolla se fixou em Jaú, sua cidade natal, onde tem uma escolinha de futebol com mais de 700 garotos até 14 anos. E não só para goleiros. "Ensino preparação física e até chutes a gol", conta. Também trabalha, há seis meses, no departamento de marketing de uma empresa que fabrica próteses de braços, pernas e ombros. "Um amigo me pediu para trabalhar na empresa, divulgar os produtos. Viajo bastante pelo País." Marolla voltou a Jaú há pouco menos de dois anos. Antes, tentou seguir carreira como treinador de goleiros e técnico. Passou pelos juniores e o time principal do Mogi-Mirim e do XV de Jaú. Desistiu depois de tomar calote de alguns dirigentes. "Trabalhar no interior está muito difícil. As pessoas te procuram, prometem um monte de coisas, depois não cumprem. Até do XV de Jaú eu tomei calote. Quis ajudar o pessoal da casa e deu nisso. Mas tudo bem, valeu pela experiência", diz ele, contando que recebeu convites de Chico Formiga para trabalhar nas categorias de base do Santos. Não aceitou porque prefere ficar na cidade com a família. Foi ao sair de Jaú e ir para Santos, há 25 anos, que Marolla começou a melhor fase de sua carreira. Chegou à Seleção Brasileira de Novos, que venceu o Torneio de Toulon, em 1981, e foi convocado até para o time principal, dirigido por Telê Santana, às vésperas da Copa de 1982. "Fiquei naquele listão de 40 convocados, mas acabei como o quarto goleiro. Não fui para a Copa", diz ele, revelando uma das duas maiores decepções dos 20 anos de carreira. A outra aconteceu no ano seguinte. Marolla era goleiro do time do Santos que tinha Pita, Serginho Chulapa e Dema, e que foi vice-campeão brasileiro, perdendo a decisão para o Flamengo. "Perdemos aquele título no primeiro jogo. Estava 2 a 0 para a gente e sofremos um gol do Baltazar, aos 45 minutos do segundo tempo. Aí, no segundo jogo, estávamos desfalcados, tomamos um gol no começo e ainda teve um pênalti em cima do Pita que o juiz não marcou (o jogo foi 3 a 0). Aquilo machucou bastante" No ano seguinte, Marolla enfrentou a concorrência de um mito. O uruguaio Rodolfo Rodriguez chegou à Vila Belmiro e foi titular em alguns jogos da campanha que deu ao Santos seu último título paulista. Depois, ficou cinco anos no Atlético Paranaense, rodou pelo interior paulista e por clubes do Sul e encerrou a carreira no Paulista de Jundiaí, em 1995.