Para Ricardo Gomes, o ouro é uma obsessão

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Por Agencia Estado
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Desde que assumiu a Seleção Brasileira Sub-23, em dezembro de 2002, Ricardo Gomes recebeu convites de São Paulo, Flamengo e Grêmio. Recusou todas, sem ao menos aceitar discutir as propostas. Aos 38 anos, ele tem a responsabilidade de buscar o título inédito ao vencedor futebol brasileiro: o ouro olímpico. "Não aceitei nem conversar com os clubes, mesmo sabendo que estou ganhando bem menos do que poderia treinando a Seleção. Minha valorização virá com essa conquista, que assumo ser mesmo uma obsessão. Não só para mim, mas para todos no futebol brasileiro." Agência Estado - Você tem nas mãos um grupo muito talentoso para vencer a Olimpíada, com Diego, Robinho, Kaká e outros. O Brasil tem obrigação de vencer? Ricardo Gomes - Não vou esconder: o objetivo é esse. Assumo a obsessão por essa medalha olímpica, que sempre escapou do Brasil. Os nossos jogadores são talentosos, mas o pouco tempo que tenho para treiná-los é a dificuldade. Só que esses atletas vão virar um time. E um time com condições de vencer. E além do mais, não há outra competição. Esta seleção está sendo preparada para a Olimpíada. E ponto final. AE - Mas o caminho não parece ser fácil. O Milan, por exemplo, promete fazer de tudo para não liberar o Kaká para o Pré-Olímpico. Outros clubes europeus prometem fazer o mesmo... Ricardo Gomes - Vou chamar os melhores jogadores. Tenho a certeza da liberação. E é no departamento técnico da CBF que tenho de confiar. Terei os jogadores. AE - Os jogadores ficarão em uma situação difícil, sem saber se agradam os clubes ou a Seleção... Ricardo Gomes - Vou ser bem claro: existem situações em que os jogadores não podem se envolver. Isso será tratado entre a CBF e os clubes. Está acima deles e eles não podem ser pressionados por lado algum. AE - Uma convocação sua pode ter conseqüências imediatas, principalmente envolvendo a valorização dos jogadores. Você é muito pressionado por empresários? Ricardo Gomes - De jeito nenhum. Não sou e nunca serei. Os empresários nem se aproximam de mim porque sabem que não aceito nem conversar. Sou uma pessoa honesta, não aceito esse tipo de conversa. AE - Foi difícil para você se adaptar ao cargo de técnico de garotos? Ricardo Gomes - Só tinha dirigido times profissionais. E eu lá ia saber quem tinha ou não tinha 23 anos...Depois que assumi passou a ser a minha obrigação. Vejo as partidas só observando quem pode ser convocado. Está sendo uma experiência importantíssima para a minha carreira. AE - Existe a possibilidade de você chamar jogadores que irão ao Mundial Sub-20, que terminará dia 19 de dezembro? Ricardo Gomes - Sim. Tem uns quatro ou cinco da Sub-20 que me interessam. AE - E quanto ao critério de chamar ou não três jogadores com mais de 23 anos para os Jogos Olímpicos? Ricardo Gomes - Não tem nem discussão, vou levar. Se posso ter vantagem, não abro mão dela. Não existe essa história de grupo fechado. A decisão é minha e acabou. Jogador tem de respeitar hierarquia. Mas antes disso quero me concentrar no Pré-Olímpico para conseguir um das duas vagas. Sem o primeiro passo, não existe o resto.

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