A Polícia Civil de Goiás prendeu nesta quarta-feira o ex-árbitro D’Guerro Batista Xavier, de 46 anos. Ele foi detido em João Pessoa, na Paraíba, suspeito de participar de esquemas de manipulação de resultados em partidas da Série B do Campeonato Brasileiro. Também foi detido o ex-presidente do Crato, do Ceará, Ivan Barros.
O Estadão busca contato com a defesa do suspeito e a matéria será atualizada em caso de manifestação. Já a defesa de Ivan Barros, em nota enviada à imprensa, afirma que o ex-presidente do Crato é inocente e não atua no futebol desde 2022. Os representantes ainda alegam que a prisão é ilegal e arbitrária.
A prisão ocorre em meio a uma operação da Polícia Civil de Goiás, deflagrada por meio do Grupo Antirroubo a Banco (GAB) da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic). Intitulada “Operação Jogada Marcada”, a ação cumpre 16 medidas judiciais, entre mandados de prisão e de busca e apreensão, contra organização criminosa especializada na manipulação de resultados em partidas de futebol.
Segundo a Polícia Civil, as fraudes já movimentaram pelo menos R$ 11 milhões, inclusive por meio de plataformas de apostas. A investigação aponta que o grupo responsável pelo enriquecimento ilícito possui financiadores, intermediários e executores. Neste último, foi apontado o envolvimento de jogadores, treinadores e dirigentes de clubes alvos da operação. Foi verificado até mesmo que alguns dos suspeitos mantinham um grupo no WhatsApp com o nome “Arbitragem da Propina”.

D’Guerro já havia sido afastado pela Comissão de Arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em 2018, quando foi citado em uma operação do Ministério Público e da Polícia Civil sobre manipulação de resultados em partidas do Campeonato Paraibano entre 2011 e 2018.
Em 2022, o Crato foi excluído do Campeonato Cearense pelo Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol do Ceará (TJDF-CE), por suspeita de manipulação de resultados. O estopim das investigações foi uma goleada sofrida pelo time por 9 a 2 para o Atlético Cearense.
O próprio Estadual chegou a ser suspenso, mas a Federação Cearense de Futebol conseguiu um efeito suspensivo junto ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) para concluir o torneio.

Em 2023, o Ministério Público de Goiás realizou três operações contra grupo criminoso que tinha por objetivo aliciar jogadores para participar de esquema de manipulação de resultados em partidas do Brasileirão do ano passado e de Estaduais disputados neste ano. Os atletas receberiam pagamentos para levar cartão amarelo e/ou vermelho, fazer pênalti ou contribuir para o placar parcial ou total de uma partida, beneficiando apostadores que também faziam parte do esquema.
A partir da Penalidade Máxima, a Fifa baniu do futebol os jogadores Gabriel Tota, Ygor Catatau e Matheus Phillipe. Paulo Miranda e Onitlasi Junior Moraes tiveram pena de suspensão por 720 dias cada. Paulo Sérgio Marques Corrêa, André Luiz Siqueira Júnior e Mateus da Silva Duarte, 600. Eduardo Bauermann e Fernando Neto, 360 dias.
Veja nota da defesa de Ivan Barros na íntegra
Estamos buscando acesso aos autos, pois o processo tramita em segredo de Justiça, junto a Justiça do Estado de Goiás. Temos a certeza da inocência, assim como restou apurado e ele absolvido junto ao Tribunal de Justiça Desportiva do Ceará ainda em 2022. Que a investigação é completamente extemporânea em 2025, analisando fatos de 2022, onde o Cleison Ivan Barros já não atua com o Futebol desde meados de 2022, portanto é uma prisão ilegal e arbitrária, e que estamos no aguardo do acesso completo da investigação para concluir manifestação da defesa. Acrescentando que ele esclareceu os fatos ao Delegado de Polícia civil do que foi interrogado, e contribui para as investigações.