Os 18 jogos da fase de grupos da Copa América ultrapassaram os R$ 110 milhões de renda com bilheteria. Mas, além da arrecadação, os números altos também são vistos nas despesas que o Comitê Organizador Local (COL) gasta com a realização do torneio. Os borderôs das 12 primeiras partidas já foram divulgados. Os valores detalhados mostram algumas curiosidades, como prejuízos em três partidas e o alto número de ingressos cortesias distribuídos para os duelos de pouco apelo.
A receita bruta total dos 18 jogos é de R$ 110.823.925. Deste montante, R$ 22.476.630,00 foram obtidos apenas na abertura entre Brasil e Bolívia, no Morumbi. Essa partida também registrou a maior despesa até agora: R$ 6.282.379,80, fazendo a renda líquida cair para pouco mais de R$ 16 milhões.
Já os prejuízos foram registrados nos jogos Venezuela x Peru, Paraguai x Catar e Uruguai x Equador. O déficit de cerca de R$ 2,8 milhões somadas as três partidas tem explicação: além do baixo número de público pagantes, há diversas despesas para o COL organizar as partidas. Os aluguéis dos estádios, por exemplo, são de R$ 250 mil ou R$ 350 mil. Outro gasto que chamou atenção foi de R$ 713 mil com “locação de estruturas complementares” em Peru x Venezuela na Arena do Grêmio.
Os valores obtidos com as rendas ficam com o COL, com exceção à venda de camarotes. O montante ajudará no pagamento de 70 milhões de dólares (cerca de R$ 268 milhões) em premiações para as seleções participantes.
O campeão da Copa América receberá R$ 29 milhões, enquanto o vice ficará com R$ 19 milhões. O terceiro colocado terá direito a R$ 15,5 milhões, e o quarto a R$ 11,5 milhões. Por fim, as seleções que caírem nas quartas de final ficarão com R$ 7,7 milhões cada.
Há ainda as premiações por participação para as seleções da América do Sul (mais R$ 7,7 milhões para cada uma) e para os convidados Japão e Catar (R$ 4,8 milhões), além de R$ 3,8 milhões distribuídos para logística das delegações.
Além de os borderôs mostrarem curiosidades sobre as despesas, há também os dados sobre os públicos nos estádios. Até agora, os 18 jogos somaram 452 mil pagantes, com uma média de cerca de 25 mil por partida. A maior presença aconteceu no confronto entre Chile e Uruguai, com 49.275 pagantes no Maracanã.
A expectativa é de que a média aumente com a chegada dos mata-matas, já que os jogos serão mais atrativos ao público. Durante a fase de grupos, o COL distribuiu ingressos para partidas com pouco apelo. No duelo entre Bolívia e Peru, foram 8.769 cortesias. Já o confronto entre Paraguai e Catar foi assistido por 8.428 pessoas que não pagaram ingresso.
O gerente geral de competições do COL, Thiago Jannuzzi, disse que a política de preços estabelecida para os jogos da Copa América “foi bem sucedida para fazer frente aos custos”. Questionado se o valor não está elitizando demais o público nas arenas e afastando o torcedor de menor poder aquisitivo, ele rechaçou a hipótese alegando que há entradas a preços “muito acessíveis”. “Eu não diria que a gente se afasta do torcedor popular, porque temos faixas de preço muito acessíveis”, afirmou, citando o fato de a Arena do Grêmio e a Arena Corinthians terem um setor com ingressos a R$ 60.
Jannuzzi também descartou diminuir o valor dos ingressos: “A gente não pode alterar a política de preços durante o evento, para respeitar aqueles que já adquiriram ingressos por determinado valor”.
O menor público pagantes foi registrado na partida entre Equador e Japão, na última rodada da fase de grupos. O Mineirão recebeu apenas 2.106 pagantes, para uma renda de R$ 301.525. O borderô dessa partida ainda não foi divulgado pelo COL, mas certamente será mais um que apontará prejuízo.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.