Santos volta a jogar um clássico focado em reaquecer rivalidade após ano de Série B

Em primeiro clássico do ano, equipe alvinegra, que ainda se acostuma com o trabalho de seu novo treinador, e Palmeiras refazem final do estadual do ano passado

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Foto do author Ingrid Gonzaga

Depois de quase um ano, o Santos enfim volta a campo para jogar um clássico. Isolado na Série B e sem vaga garantida em qualquer outra competição, como a Copa do Brasil, o time alvinegro teve apenas o Campeonato Paulista, no início da temporada passada, para encontrar os outros três grandes de São Paulo. De volta à elite — e, portanto, aos confrontos com os clubes paulistas — é natural que o Santos busque reaquecer as rivalidades com cada um, e o Paulistão de 2025 é o primeiro passo para isso.

Nesta quarta-feira, o Santos possui o mesmo adversário de seu último grande encontro. Finalistas do Estadual, santistas e palmeirenses se enfrentaram três vezes no ano passado. Ainda na fase de grupos, o Palmeiras venceu o rival por 2 a 1. Na decisão, o Santos chegou a dar alguma esperança para seu torcedor ganhando o jogo de ida por 1 a 0. Na volta, porém, foi derrotado, e ficou com o vice-campeonato após três anos caindo na primeira etapa do torneio.

Santos e Palmeiras, que decidiram o Paulistão em 2024, se reencontra no primeiro clássico paulista da temporada Foto: Raul Baretta/Santos FC

Problema de anos

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Ainda que a temporada na Série B tenha intensificado a situação, o sentimento de rivalidade santista já estava em baixa — ao menos para seus adversários. É comum que as torcidas de Palmeiras, Corinthians e São Paulo considerem o Santos um rival de menor escalão.

Em parte, esta é uma questão relacionada à localização. A equipe santista é a única dentre as quatro grandes de São Paulo que não tem sede na capital do Estado, e a ausência do clube na cidade ajuda a diminuir a rivalidade aos olhos dos espectadores. Afastados, os torcedores do Santos também estão em menor quantidade. Mas não é só isso.

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Os números positivos do Santos em clássicos nos últimos cinco anos são baixos comparados aos dos demais clubes. É do time alvinegro a menor porcentagem de vitórias neste tipo de jogos recentemente. Desde 2020, os santistas participaram de 44 clássicos — venceram somente 10, um total de 22,72%.

A título de comparação, o clube com maior porcentagem de triunfos, o Palmeiras, possui 45% de clássicos vencidos. Nas últimas cinco temporadas, os palmeirenses jogaram 60 vezes contra seus rivais e ganharam em 27 delas. O São Paulo teve 57 partidas e 22 vitórias (38,59%), enquanto o Corinthians venceu 12 de 51 jogos (23,52%).

Dentre os quatro grandes, o Santos também é o time que menos empata. Com 11 empates no total (25%), as estatísticas alvinegras são superadas pelas palmeirenses (33,33%, com 20 empates), são-paulinas (35,08%, também com 20 empates) e corintianas (37,25%, com 19 empates). A única porcentagem que é maior para os santistas é a de derrotas, 52,27%. Enquanto os rivais ficam com a imagem de equilibrados em força; para o Santos, resta a de vencido.

Além disso, desconsiderando a taça da Série B, o Santos é o clube que há mais tempo está sem ganhar um título. Desde o Paulistão de 2016, os santistas só comemoraram um campeonato quando venceram a segunda divisão, em 2024. Nesses quase dez anos, o Corinthians chegou a levar três Paulistas e um Brasileiro; o São Paulo ganhou um Paulista, uma Copa do Brasil e uma Supercopa do Brasil; e o Palmeiras, duas Libertadores, uma Recopa Sul-Americana, quatro Brasileiros, uma Copa do Brasil, uma Supercopa e quatro Paulistas.

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Nas poucas oportunidades que teve de conquistar algum título nos últimos anos, o time santista foi barrado pelo rival que há tempos tem sido uma pedra no sapato. Antes de acabar com a festa alvinegra no estadual do ano passado, o Palmeiras já havia derrotado o Santos na final da Libertadores de 2020. As duas derrotas ajudam a diminuir a moral santista perante os palmeirenses.

Um ano mais positivo?

Apesar dos números negativos ao longo dos anos, tudo indica que o Santos pode ter um 2025 melhor em relação aos clássicos — e ao aumento do sentimento de rivalidade. Um dos fatores que mostram isso é o próprio 2024 do clube. Apesar de ter passado tanto tempo sem jogar contra seus maiores rivais, o time teve o seu melhor desempenho recente na última temporada.

Percentualmente, os resultados do ano passado do Santos foram melhores do que os dos demais clubes paulistanos. Enquanto os santistas, que disputaram cinco clássicos, venceram três deles (um aproveitamento de 60%); o Palmeiras venceu quatro de 10 clássicos (40%); o São Paulo, duas vitórias em oito jogos (25%); e o Corinthians, apenas uma em sete (14,28%).

Além disso, o Santos vem reforçando seu elenco para tornar-se competitivo na Série A novamente. Neste início de ano, trouxe de volta Thaciano, que estava no Bahia, e Zé Ivaldo, antes no Cruzeiro. Como parte da negociação de Jair com o Botafogo, recebeu Tiquinho Soares. De volta do empréstimo ao Grêmio, Soteldo também passou a compor a equipe de novo.

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Mas o maior trunfo do Santos até então é a negociação com um dos seus maiores Meninos da Vila. Neymar parece estar cada vez mais próximo de ser repatriado. A princípio, o ídolo do clube, em final de contrato com o Al-Hilal, ficaria emprestado na Vila Belmiro por seis meses e, no meio do ano, decidiria com mais tranquilidade o futuro de sua carreira. A intenção do jogador é preparar-se para a Copa do Mundo de 2026, e tanto ele como seu pai entendem que o Santos e sua torcida dariam o apoio e carinho necessários para isso.

Caso se concretize, o retorno de Neymar é um ganho para o clube não apenas em termos de qualidade técnica, mas de moral. Uma figura do tamanho do “príncipe” santista, além de ajudar com a mentalidade do elenco que jogará ao seu lado, relembra os adversários de um passado não tão distante, quando o Santos era a equipe a ser batida.

Santos x Palmeiras

Enquanto ainda se acostuma com o trabalho de seu novo técnico, Pedro Caixinha, o Santos vai a campo para seu primeiro clássico em quase um ano. Nesta quarta-feira, o clube enfrenta o Palmeiras pela terceira rodada da fase de grupos do Campeonato Paulista. O Clássico da Saudade está marcado para acontecer na casa santista, a Vila Belmiro, a partir das 21h35 (horário de Brasília).

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Apesar de ter apresentado em sua estreia contra o Mirassol um futebol diferente do praticado em 2024, com mais pressão sobre o adversário, o Santos não conseguiu repetir o bom desempenho em Campinas e conseguiu apenas um empate contra a Ponte Preta. “Há uma coisa clara, e hoje o grupo ficou com essa ideia: quando não podemos ganhar, não podemos perder. Mas o clube desta grandeza não pode celebrar empates, temos que olhar em frente, sempre para a conquista de três pontos”, disse Caixinha, em coletiva pós-jogo.

No entanto, ainda que tenha desagradado parte da torcida alvinegra, a segunda rodada do Paulistão mostrou como se portará o treinador português no comando da equipe. Usando pela primeira vez os reforços que chegaram nesta temporada — Thaciano e Zé Ivaldo, que desta vez entrou como titular — e jogadores antes preteridos por Fábio Carille, como os dois atletas da base Miguelito e Luca Meirelles, Caixinha reforça ao torcedor que analisará, partida a partida, as carências físicas e técnicas do elenco.

“O Luca teve a oportunidade, tem vindo a trabalhar por ela e mostrado essa qualidade, essa condição. Ele tem dezessete anos, mas eu não olho para a identidade, olho para as características”, explicou o técnico. ”Gostamos daquilo que eles fizeram e entendemos que, no intervalo, tínhamos que dar um pouco mais de agressividade e verticalidade ao nosso jogo, e aí a saída do Miguelito".

Não são esperados novos integrantes no elenco para o próximo confronto. Trazido do Botafogo, Tiquinho Soares não é certeza para o clássico. Para o treinador, o tempo de treino de Tiquinho é insuficiente para dar a ele condições de iniciar um jogo. Outro jogador que não está confirmado é Soteldo. Um dos principais nomes da vitória sobre o Mirassol, o venezuelano sofreu uma entorse no tornozelo na primeira partida e foi preservado no domingo. Os treinamentos antes do jogo desta quarta serão essenciais para determinar ou não seu retorno.

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Se para o Santos o clássico é um termômetro para medir a mentalidade da equipe, para o Palmeiras, é um jogo difícil. Também vitorioso na estreia, o alviverde não conseguiu triunfar sobre o Noroeste no sábado, parando o placar no 1 a 1. Neste início de temporada, o técnico Abel Ferreira tem escalado nomes que tiveram poucos minutos no último ano, entre reservas e atletas da base. A intenção é poupar o elenco, que terá um calendário cheio nos próximos meses.

A estratégia apresentou resultados. Na última partida, o único gol palmeirense foi marcado por Thalys, um dos Crias da Academia. Foi a primeira vez que o garoto marcou pela equipe profissional. Agora, outro jogador pode estar próximo de retornar aos gramados. Lesionado, Felipe Anderson, formado na base santista, ainda não havia sido relacionado para qualquer jogo do Paulistão, mas treinou na reapresentação do elenco nesta semana.

Santos e Palmeiras voltam a se enfrentar dez meses após o último confronto entre os dois clubes, na final da última edição do Campeonato Paulista. Apesar de ter saído vitorioso do jogo de ida, o alvinegro não conseguiu superar seu adversário no jogo da volta, realizado no Allianz Parque, e amargou o segundo lugar, derrotado pelo placar agregado de 2 a 1.

Em 2025, tanto o clube alvinegro quanto o alviverde figuram na segunda colocação de seus respectivos grupos. No Grupo B, o Santos está empatado em pontos com o Guarani, primeiro colocado por conta do saldo de gols. Ambos possuem uma vitória e um empate. Já o Palmeiras, no Grupo D, tem desempenho abaixo ao do São Bernardo. Enquanto os palestrinos têm um empate e uma vitória, o time do ABC Paulista triunfou em suas duas partidas.

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SANTOS X PALMEIRAS

  • SANTOS: Gabriel Brazão; JP Chermont, João Basso, Luan Peres e Escobar; Tomás Rincón, Diego Pituca e Thaciano; Lucas Braga, Guilherme e Wendel Silva. Técnico: Pedro Caixinha.
  • PALMEIRAS: Weverton; Marcos Rocha, Gustavo Gómez, Murilo e Caio Paulista; Aníbal Moreno, Richard Ríos e Raphael Veiga; Estevão, Facundo Torres e Flaco López. Técnico: Abel Ferreira.
  • ÁRBITRO: Matheus Delgado Candançan
  • HORÁRIO: 21h35
  • LOCAL: Estádio Urbano Caldeira, em Santos
  • TV: CazéTV, Record, Uol Play, Nosso Futebol, Zapping TV
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