De Löw a Flick: Alemanha renova peças, mas mantém engrenagens para ressurgir na Copa do Catar

Tetracampeã estreia nesta quarta diante do Japão em uma versão sem a mesma roupagem de outras edições

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Foto do author Marcos Antomil

A Alemanha sediou a Copa do Mundo de 2006 e esperava diante de seus torcedores erguer o tetracampeonato depois da frustrante final de 2002, no Japão, em que perdeu para a seleção brasileira. O resultado final obtido como país sede não foi o ideal, ficando com o terceiro lugar, tendo caído nas semifinais para a Itália, que viria a faturar seu quarto título, ultrapassando os alemães na lista de maiores campeões.

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Sob o comando de Jürgen Klinsmann, que ajudou a erguer a taça do Mundial de 1990, a seleção alemã começou a formatar naquele ciclo um conceito de organização que ditaria a escolha das lideranças técnicas da equipe nas Copas seguintes. Após o Mundial de 2006, quem assumiu o posto foi o auxiliar Joachim Löw.

Para a Copa da África do Sul, Joachim Löw consolidou a Alemanha como favorita ao lado da Espanha, contra quem disputou e perdeu a final da Eurocopa de 2008. No Mundial, o encontro terminou com a mesma seleção vencedora, dessa vez na semifinal. Para os alemães, porém, aquele tropeço estava incluído no cálculo rumo ao Brasil, em 2014. O destino vestia preto, vermelho e amarelo, as cores da bandeira da Alemanha.

Löw levou a Alemanha ao tetracampeonato em 2014. Foto: Federico Gambarini/ Reuters

Novamente se colocando entre as principais postulantes ao título, a Alemanha cruzou o caminho do anfitrião Brasil em 2014. O resultado assombra o País e se tornou uma expressão idiomática. O “7 a 1 nosso de cada dia” chacoalhou o futebol brasileiro no Mineirão e empurrou os alemães para a final no Maracanã, contra a Argentina, de Messi e companhia. Com gol de Mario Götze, a Alemanha finalmente conquistou o tetra, consagrando também Miroslav Klose como o maior artilheiro de todas as Copas, superando Ronaldo Fenômeno, com 16 tentos.

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A partir do título, a Alemanha desceu uma ladeira desenfreada, que culminou no fracasso na Copa do Mundo da Rússia, em que caiu na modesta fase de grupos, em uma chave com México, Coreia do Sul e Suécia. Ainda com Löw como treinador, a Alemanha tentou se reconstruir, mas os maus resultados persistiam. Na Euro de 2021, fez uma modesta etapa inaugural e se despediu nas oitavas, contra a vice-campeã Inglaterra. Antes, teve dificuldades no início das Eliminatórias da Copa, com derrotas para a Macedônia do Norte. Os percalços não deixaram alternativa, e o treinador acertou sua saída após o torneio continental.

Para o lugar de Löw, o nome óbvio era de Hans-Dieter Flick. Ele havia conquistado a Liga dos Campeões com o Bayern de Munique na temporada anterior e tinha um item fundamental em seu currículo: conhecia a estrutura da seleção alemã. Auxiliar de Löw desde 2006, contando o título de 2014, acumulou o cargo de diretor esportivo da Federação Alemã de Futebol (DFB) até 2017. Cerca de dois anos mais tarde, foi contrato pelo clube bávaro como assistente, assumindo como treinador principal após a demissão de Niko Kovac.

Hansi Flick promove renovação na seleção alemã, mas ainda conta com nomes importantes como Thomas Müller e Manuel Neuer. Foto: Matthias Schrader/ AP

A mudança aguda de rumos causou relevante impacto. A seleção alemã não perdeu mais nas Eliminatórias e passou a reconstruir a equipe com jovens atletas, mirando uma alavancagem gradual. Em 16 jogos, são 10 vitórias, cinco empates e somente uma derrota, ocorrida diante da Hungria na Liga das Nações. A média de gols impressiona, quase três tentos por partida.

Entre os convocados para a Copa do Mundo do Catar, Hansi Flick leva seis jogadores com 23 anos ou menos. O principal deles é Kai Havertz, de 23, um dos principais nomes do Chelsea, herói do título da Liga dos Campeões pelo clube inglês em 2021 e do Mundial de Clubes de 2022, conquistado sobre o Palmeiras. Além dele, formam o time de jovens: os defensores Nico Schlotterbeck (22, do Borussia Dortmund) e Armel Bella-Kotchap (20, Southampton), o meia Jamal Musiala (19, Bayern de Munique) e os atacantes do Borussia Dortmund Karim Adeyemi (20) e Youssoufa Moukoko (18), que falou à imprensa sobre sua expectativa de jogar a Copa.

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“Espero poder marcar gols. O treinador confiou em mim, então vou até o fim. E quero me divertir. Não penso naquela oportunidade que quase virou gol. Estar aqui, em uma Copa do Mundo, aos 18 anos, não é algo muito habitual. E no final é o treinador que decide se jogo ou não. Estou aqui para aprender e fico feliz que colegas renomados como Thomas Müller me aconselhem. Aqui somos os 26 melhores jogadores da Alemanha. Estou muito orgulhoso de estar aqui e sei que vou aprender muito neste torneio”, valorizou Moukoko.

Youssoufa Moukoko é uma das promessas da seleção alemã. Foto: Ina Fassbender/ AFP

A Alemanha estreia na Copa do Mundo nesta quarta-feira, às 10h, diante do Japão. No Grupo E também jogam Espanha e Costa Rica, mais tarde, às 13h. Os alemães entram em campo no Estádio Internacional Khalifa com objetivo de reverter a impressão deixada no último Mundial e redesenhar seus trajes de favoritos ao penta.

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