Tardelli pede perdão outra vez

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Por Agencia Estado
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As noites de sono de Diego Tardelli são agitadas. Tem sonhos de glória, imaginando ser dele o último gol na conquista da Libertadores deste ano (o São Paulo está quase nas oitavas-de-final), e tem pesadelos com a desgraça. É então que aparece Mazzolinha, um ex-jogador de Santa Bárbara D?Oeste (cidade de Tardelli), que teve passagem pelo Botafogo do Rio. "Ele ganhou muito dinheiro e perdeu tudo. Agora, trabalha como servente de pedreiro. Isso me assusta, me dá medo", diz o jogador do São Paulo, afastado do elenco profissional por causa de uma série de indisciplinas. Bermuda, camisa estampada, boné na cabeça, Tardelli é o próprio garoto que ainda vai completar 19 anos (dia 19 de maio). É tímido, fala baixo, olha para o chão e tem certa dificuldade para se expressar. Mas na hora de receber o JT (no escritório de Luís Taveira, seu empresário) ele falou bastante. Jurou arrependimento, pediu uma nova chance, mas deixou claro que considera haver um certo exagero nas cobranças que sofre. A seguir, trechos da entrevista. Jornal da Tarde - Você está afastado do time principal. Sente que sua carreira está em perigo? Diego Tardelli - Eu tenho potencial, posso ser um grande jogador, mas estou em uma situação ruim. Muito jogador bom não conseguiu sucesso por causa de erros fora de campo. Não quero que seja assim comigo. Estou muito arrependido e gostaria de mudar a minha imagem. Na semana que vem, vou cortar as tranças. Até por isso sou criticado. JT - O que mais você faria? Tardelli - Eu queria falar com o Cuca. Dizer para ele que criei juízo e que não vou mais fazer coisa errada. JT - E ele deveria acreditar? Tardelli - Eu criei consciência de que estou errando muito. Só peço que ele me dê uma última chance. Eu não vou perder a oportunidade de jeito nenhum. Tenho certeza que o Cuca não vai se arrepender. JT - Quando ele o afastou do time, o que você fez? Tardelli - Fiquei desesperado. Não esperava que isso fosse acontecer e não estava preparado. Chorei a tarde inteira e fui para Santa Bárbara me encontrar com a minha avó. Ela me criou e quando estou triste, é com ela que falo. JT - Você é um "mico" para o São Paulo? Tardelli - Não sou, cara. Muitos times pediram para contar comigo e o São Paulo não me cedeu. Tenho contrato de cinco anos e acho que o São Paulo ainda confia em mim. JT - Você encara os treinos em Barueri como uma chance de voltar ou um aborrecimento? Tardelli - Gostaria de sair de lá como o Gabriel saiu, por cima, mas não dá para negar que às vezes aquilo é chato. Eu me estresso com os outros jogadores. O Cilinho diz que eu devo ser um exemplo para eles, mas é difícil voltar para o amador, se você já teve sucesso no time de cima. JT - Você terminou o ano muito bem. O que esperava para 2004? Tardelli - Meu plano era ser titular junto com o Luís Fabiano. Estava animado, mas tudo começou a dar errado. Queria férias e me mandaram para os juniores. Não queria jogar a Copa São Paulo, eu já era um profissional e os problemas começaram. Depois, contrataram o Grafite e percebi que não ia ter muita chance. Agora, estou afastado, mas só quero uma chance para voltar. JT E esse negócio de ter almoçado com o Abuda depois de perder o título para o Corinthians? Tardelli - O Lúcio, do Palmeiras, mora no meu prédio. Não posso falar com ele, não posso almoçar com o Vágner Love, que sempre está lá no prédio. Isso aí é uma cobrança exagerada comigo. Os jogadores são amigos fora de campo (nesse momento, o volante Clayton, do Santos, entra na sala, dá um abraço nele e o convida para almoçar. Diego fica sem jeito, não sabe o que responder). JT - Quais são os problemas particulares que você diz ter? Tardelli - Não dá para falar. É muita coisa, mas o Taveira está me ajudando a superar. Uma coisa que aconteceu foi que minha mãe ligou outro dia à noite. Estava com sangramento no útero e precisava ser internada. Agora, ela quer vir morar comigo. Vamos ver se dá certo.

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