Em junho de 2016, Adenor Leonardo Bachi aceitou assumir o comando de uma seleção brasileira desacreditada. A equipe acabara de ser eliminada da Copa América Centenário e havia até o temor de que não se classificasse para a Copa. Um ano e meio depois, o prestígio do time foi resgatado e o Brasil é considerado um dos favoritas ao título na Rússia. O responsável pela mudança? Tite, gaúcho nascido há 56 anos em São Braz, uma comunidade de Caxias do Sul.
Num País em que grandes jogadores parecem brotar do chão e que já teve, e ainda tem, craques de primeira linha, soa estranho creditar a um treinador a recuperação da seleção brasileira. Mas foi exatamente isso o que aconteceu. E com rapidez surpreendente. Desde a estreia, com um contundente 3 a 0 sobre o Equador, em Quito, no dia 1.º de setembro de 2016, pelas Eliminatórias da Copa, o Brasil voltou a ser Brasil.

Tite teve papel decisivo nesta redenção. Não só por seus conceitos táticos, mas por saber conduzir um grupo como poucos na profissão. Ele cobra insistentemente. Quer sempre melhorar o desempenho. Mas joga limpo com os atletas, é justo e sabe motivá-los. Assim ganhou o time.
Recuperou a autoestima dos jogadores, o prazer deles em servir a seleção. Daí para que a equipe passasse a mostrar bom futebol, disciplinado taticamente e competitivo, foi um passo.
Tite defende o jogo com intensidade, com triangulações que permitam as infiltrações. Arma os times para atuar de maneira compacta e pressionando o adversário quando isso é possível. Prefere o sistema 4-1-4-1, pois com ele um dos volantes pode se transformar em meia e os meias jogam abertos.
Mas não abre mão das características doa jogadores. “Meu trabalho é potencializar a qualidade dos atletas. Isso passa por aproveitar o que eles recebem de outros treinadores em suas respectivas equipes”, diz o brasileiro.
Jogador mediano que teve a carreira encerrada precocemente, aos 28 anos, por contusões seguidas nos joelhos, Tite deu seus primeiros passos como treinador nos anos 1990. Em 2001, com o Grêmio, foi campeão da Copa do Brasil. Desde então, fez bons trabalhos, outros nem tanto, até chegar ao Corinthians, em 2010. Após início difícil, ganhou títulos importantes – Libertadores, Brasileiro e Mundial. Sempre procurando aprender, evoluiu. Assim, em 2014, tirou ano sabático. Foi à Europa. Aprimorou-se. Chegou a achar que assumiria a seleção após o fracasso brasileiro na Copa que sediou, mas foi preterido por Dunga. Admitiu publicamente a frustração, voltou ao Corinthians, tornou a ser campeão, em 2015, e continuou seu trabalho.
Até que junho de 2016 chegou, e com ele a vez de Tite. Sorte da seleção brasileira, que hoje, graças aos bons resultados, tem o apoio da torcida, que sonha com o hexa. Algo que o sincero treinador não promete. “Eu não prometo que o Brasil vai ganhar, não sou demagogo”, diz. Assim é Tite.