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Conheça Gui Khury, que aos 14 anos empilha medalhas no skate, recordes no X-Games e almeja Paris-24

Skatista concilia rotina de treinos com estudos para garantir vaga na Olimpíada no ano que vem; ao ‘Estadão’, comenta sobre sua carreira e sucesso nas pistas

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Foto do author Murillo César Alves
Atualização:

Um skate, uma pista e uma infinidade de sonhos. Aos 14 anos, Gui Khury alcança lugares que poucos atletas vão chegar na carreira. No último mês, conquistou duas medalhas no X-Games (uma de ouro e outra de prata), principal competição de esportes radicais do mundo; em 2022, já havia entrado para o Guinness Book, o livro dos recordes. É com esse currículo que o skatista se coloca no rol do esporte e tem um objetivo bem definido: os Jogos Olímpicos.

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Natural de Curitiba, Gui se encantou pelo esporte ainda criança. Aos três anos, se mudou com a família para os Estados Unidos. Na Califórnia, foi incentivado pelo pai a se aventurar no mundo do skate. Lá, participou de pequenos campeonatos e acampamentos, onde praticava o esporte ao lado de jovens atletas, de idade semelhante à sua.

Retornou ao País em 2015, novamente para Curitiba. Com uma educação bilíngue, teve um pouco de dificuldade para se adaptar à nova rotina no Brasil, como revela em entrevista ao Estadão. Dentro das pistas, no entanto, nunca mudou o seu foco em atingir o topo do mundo sobre seu skate. Novamente, contou com a ajuda do pai, que construiu uma pista particular em sua residência para ajudar nos treinos.

Gui Khury coleciona oito medalhas dos X-Games. Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal

Desde então, coleciona múltiplos recordes e conquistas. Em 2019, se tornou o atleta mais jovem a competir nos X-Games; dois anos depois, teve marca semelhante, dessa vez em sua conquista da medalha de ouro da categoria masculina. Além destes, também entrou para o Livro dos Recordes ao se tornar o skatista mais jovem a completar a manobra 1080 graus no vertical (três giros completos, em torno do mesmo eixo), em maio de 2020.

O destaque em sua carreira é a forma como, ainda muito precoce, Gui já rivaliza com skatistas de todo o mundo nas competições – não há limite de idade para competir. No fim de julho, conquistou a medalha de ouro na modalidade “melhor manobra no vert”. Ao todo, soma oito medalhas no X-Games antes mesmo de completar 15 anos. Neste fim de semana, compete no Vert Battle, pelo Circuito Brasileiro de Skate Vertical, nos dias 5 e 6 de agosto, no Centro Esportivo Tietê, em São Paulo.

As duas medalhas de ouro no X-Games são, para ele, seus principais momentos no esporte e os que mais o orgulham. “Foram conquistas importantes e que me fazem evoluir ainda mais.” Inspirando-se em outros skatistas nesse processo, como Sandro Dias e Tony Hawk, Gui Khury ainda quer aprender novas manobras e brinca que precisa “crescer” fisicamente. “Preciso ganhar mais base no skate, ficar mais forte.”

Jogos Olímpicos

Sua próxima meta é ambiciosa: disputar os Jogos Olímpicos de Paris, em 2024. Assim como Rayssa Leal, em 2021, que virou febre entre os brasileiros após a conquista da medalha de prata em Tóquio, o curitibano busca se classificar para a disputa do street park. Ele assistiu todas as transmissões do skate em Tóquio. É um objetivo que, segundo ele, é ousado: considera o Brasil o país mais difícil para se classificar aos Jogos pela quantidade de bons atletas.

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Além disso, na Olimpíada, o jovem não terá sua maior especialidade, o skate vertical. Ele é praticado em uma pista em forma de ‘U’, chamado half pipe, com laterais maiores do que as outras paredes. Esse tipo de pista permite voos altos em que o skatista consegue fazer manobras em rotação, flips e aéreos. É nesta modalidade que o garoto quebrou os recordes mundiais.

Na Olimpíada de Tóquio, em 2021, o Brasil conquistou três pódios no skate. Rayssa Leal e Kelvin Hoefler levaram a prata no street, enquanto Pedro Barros conquistou medalha da mesma cor no park. Em Paris, a modalidade novamente não terá disputas no vertical, especialidade de Gui. Para ir aos Jogos de 2024, o jovem terá de obter o índice no park, nas eliminatórias e no Mundial da modalidade.

Gui Khury almeja disputar os Jogos Olímpicos de Paris, em 2024. Foto: Leandro Terrile/Red Bull

“Ir para a Olimpíada é o sonho de todo atleta. É o maior campeonato de skate que tem no mundo. Para os brasileiros é muito importante, mas seguimos como uma família, mesmo competindo.” O Mundial de Skate Street acontece em setembro, em Roma, Itália. “Todo campeonato é um aprendizado, ainda mais porque ainda sou criança”, diz. Ele reconhece que sente uma pressão extra por competir por sua vaga na Olimpíada. “Nunca estive tão nervoso assim, mas tenho me acostumado em competir em campeonatos grandes desse nível. Competir pela vaga aumenta ainda mais o meu foco”, afirma.

Rotina de estudos

Fenômeno no skate, Gui tem planos de seguir com o esporte quando se tornar adulto. Isso não significa que ele tenha as mesmas obrigações de um jovem da sua idade. Quando retornou ao Brasil, teve dificuldades em se adaptar ao idioma. “Não sabia falar muito bem o português e misturava algumas coisas.” Ele divide sua rotina com os estudos e os treinamentos.

Gui Khury concilia os estudos com os treinos. Foto: Leandro Terrile/Red Bull

“Para falar a verdade, minhas notas não tão boas”, brinca o skatista. Recentemente, se mudou para uma nova escola em Curitiba que, segundo ele, o auxilia com a rotina de treinamentos e as viagens constantes. As aulas são todas presenciais. “O estudo é um dos meus focos e eu estou gostando muito desse novo lugar. Já fiz muitos amigos e estou gostando de estudar”, diz. “Também jogo basquete na escola e outros esportes. Sou uma criança também, então tenho de viver esses outros momentos, ser uma criança normal.”

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