Se você prefere ter a boa notícia antes das más notícias, vamos a ela: o Brasil roubou seis vezes a bola no ataque nos primeiros sete minutos. Pronto! Daqui para a frente, tudo o que você lerá será o relato de uma seleção estática, sem imaginação e incapaz de tornar fácil um jogo contra a Venezuela.
Se era de se imaginar a dificuldade em transformar quatro extra classes em um time de futebol, como aqui se escreveu ontem, é preciso entender os principais focos de problema. Com os principais jogadores muito presos a suas posições, não havia tabela. Neymar preso do lado esquerdo, Ganso por dentro, Robinho pela direita não se aproximavam de Pato, não apareciam para tocar e receber na frente.
Faltou a projeção dos laterais, exceto quando, aos 26 minutos, Daniel trocou passes com Robinho e cruzou. Pato chutou na trave.
Se o primeiro tempo foi ruim, o segundo foi pior. Além de não criar, o Brasil deu espaço para a Venezuela que percebeu a fragilidade do jovem time de Mano Menezes, passou a retomar a bola na intermediária e fazer a ligação com o ataque. Criou chances com Rondon, Fedor e Arango.
Não que a impressão da semana de que o Brasil tem uma geração ultratalentosa tenha de se dissolver. O problema é transformar jovens de talento e um time bem montado, articulado, capaz de disputar uma competição dura como é a Copa América.
A experiência vai aumentar, a dificuldade também. Será muito mais difícil enfrentar o Paraguai, sábado que vem, do que foi jogar contra a Venezuela, na estreia. E uma eventual derrota para os paraguaios pode colocar o Brasil na segunda posição da chave. Nesse caso, o provável adversário das quartas de final será o Uruguai.
JOGADA ENSAIADA
O melhor time
O time mais bem montado da Copa América é o Uruguai. O único dos três gigantes que joga junto
há quatro anos e treina junto há um mês. Não que os uruguaios prometam dar espetáculo. Não é
seu estilo, nem o da Copa América, famosa por suas partidas insossas. Mas a equipe dos Diegos, Forlán e Lugano, é aquela que possui o que falta à Argentina e ao Brasil: conjunto.
Remédio argentino
Sergio Batista abandonou o discurso de tornar a Argentina uma cópia do Barcelona - até o técnico campeão mundial, Carlos Bilardo, disse publicamente que isso é uma tolice. Mais do que isso, Batista acenou com o remédio correto. Pretende escalar Aguero no lugar de Lavezzi, Pastore na vaga de Cambiasaso. Isso pode melhorar a ligação do meio-de-campo com o ataque e, consequentemente, melhorar
o desempenho do time dono da casa.