COI critica Rio-2016 e diz que atletas estão 'nervosos'

Organização brasileira admite crise financeira, diz que terá de cortar serviços e alerta: 'vai chacoalhar'

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Por Jamil Chade
Atualização:

O Comitê Rio-2016 é bombardeado por críticas do COI, às vésperas do início dos Jogos e os organizadores brasileiros admitem: “vai chacoalhar”. Nesta quarta-feira, a entidade máxima do movimento olímpico atacou os planos de transporte, segurança, acesso aos locais de eventos, finanças e poluição, além de alertar que partes das obras estão atrasadas. Segundo os delegados do COI, os atletas estão “nervosos” diante dos problemas.    Pela primeira vez em sete anos, a Rio-2016 reconheceu dificuldades jamais reveladas publicamente, indicou que parte das obras somente serão concluídas quando o evento já começar e admite que está sendo obrigada a cortar serviços diante dos problemas financeiros. 

Bach pede cautela com críticas e elogios Foto: Antonio Lacerda/EFE

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A crise inédita às vésperas do evento escancarou a preocupação e insatisfação de muitos dos delegados estrangeiros. Um deles, ao Estado, admitiu, que "nunca havia vivido uma crise assim". Carlos Arthur Nuzman, presidente da Rio-2016 e visivelmente nervoso, tentou minimizar quanto ao bombardeio de perguntas que recebeu: “foi menos do que eu esperava".    O COI dedicou parte de sua reunião anual para ouvir o último informe da Rio2016 sobre o evento. Mas, no lugar de um encontro tranquilo, a reunião mostrou a dimensão dos problemas. A crise ainda ficou clara quando Nuzman se recusou a falar de questões financeiras e passou para a questão para o CEO da Rio-2016, Sidney Levi. Mas o executivo literalmente correu dos jornalistas, se recusando a explicar os problemas enfrentados. “Salve-me, salve-me”, dizia.   Levy foi parado pelo diretor de Comunicação da Rio-2016, Mario Andrada, alertando: “isso aqui não é um circo. Vamos parar e responder às perguntas que temos de responder”. Mesmo assim, o CEO optou por continuar vago.    A crise não conseguia ser escondida. O presidente do COI, Thomas Bach, admitia: “é prematuro fazer elogios e é cedo para comemorar”. “Vemos as dificuldades”, disse. Nesta quarta-feira, um a um, os membros do COI criticaram a Rio-2016. Para Pierre Beckers, membro do COI, o problema central era o acesso ao parque olímpico. “Filas muito, muito, muito longas tem se formado, com espera de até 45 minutos e nem começamos o evento. Isso poderá criar muita frustração”, alertou um dos delegados.    Nuzman preferiu não responder pelo acesso aos locais do evento, indicando que o problema teria sido a troca da empresa que faria o controle das máquinas de raio-x e o uso das forças nacionais. “Essas perguntas precisam ser colocadas para quem tem essa função”, disse. Nuzman ainda alertou que todas as delegações estavam avisadas de que a questão da segurança poderia atrapalhar.    Outra crítica é o trânsito. “Há muito tempo perdido, deixando atletas e treinadores nervosos. Eles precisamos chegar na hora paratreinos e eventos”, atacou. Para Denis Oswald, outro membro do COI, a questão da acesso precisa ser resolvida. “Tivemos muitas dificuldades para ter acesso aos locais. O trânsito é muito ruim. Vocês tem alguma medida ainda para solucionar isso?”, questionou.   Leo Grinner, da Rio-2016, também jogou a responsabilidade para a prefeitura do Rio. “Isso é uma operação da cidade”, disse.   ATRASO Não faltaram ainda as críticas em relação aos atrasos das instalações. “Apenas 15% dos cartazes e sinais estão instalados”, disse Camiel Eurlings.“Quando é que isso vai ser completado?”, cobrou.   A Rio2016 explicou que, por falta de dinheiro, encomendou placas de uma empresa ucraniana que fabrica na China. Mas a entrega atrasou e, quando o material chegou, estava com problemas de dobras e brilhante, atrapalhando as imagens em todos os locais de eventos. “Algumas estão feias”, admitiu Andrada. A Rio2016 admitiu que atrasos ocorrerão e algumas delas serão colocadas depois que o evento começar.    A crise é ainda financeira. Levy admitiu que, por conta dos problemas da Vila dos Atletas, planos de contingência tiveram de ser estabelecidos. “Tem sido muito difícil equilibrar”, reconheceu. “Tivemos de fazer cortes em outras partes”, afirmou. Questionado pelo Estado sobre o que teria sido cortado, ele apenas se virou e deixou o local.    Já Andrada explicou que os cortes ocorreriam em alimentação, nos planos de contingência de abastecimento de energia, na menor contratação de pessoas e em instalações mais simples para os membros do COI. Andrada, porém, insistiu que não haveria como pedir dinheiro público agora. “Será apertado o tempo todo”, insistiu.   Internamente, a Rio-2016 ainda admitiu: “era o projeto de ir para a Lua”. 

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