O dissidente chinês He Depu, que cumpre pena de oito anos de prisão, pediu ao presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Jacques Rogge, que o visite para comprovar pessoalmente as duras condições a que são submetidos os presos políticos na China. "Cada vez que o senhor vem a Pequim e vê todos esses felizes espetáculos, sabe que a apenas dez quilômetros de Pequim os presos políticos sofrem imensamente pelo progresso da sociedade e da civilização humana?", diz He em carta divulgada nesta quinta-feira, pela organização pró-direitos humanos Human Rights in China (HRIC), com sede em Hong Kong. O ativista, que participou de movimentos pró-democracia como o da Praça da Paz Celestial em 1989, lembra ao dirigente olímpico que espera que "quando for conveniente, venha ao menos uma vez à prisão número 2 de Pequim para ver como vivem os presos e preste alguma atenção a seus direitos humanos". Membro de um ilegalizado partido pró-democracia, He participou de vários movimentos desde a década de 1970 e foi detido em novembro de 2002 após assinar uma mensagem dirigida ao 16.º congresso do Partido Comunista na qual defendia uma ampla reforma política. Em novembro de 2003, foi sentenciado a oito anos de prisão por "incitar a subversão do poder estatal", ambígua acusação da qual o Governo chinês costuma se servir para condenar todos aqueles que se opõem ao regime. Segundo denunciou a HRIC, He, cujo estado de saúde piorou muito nos últimos meses, foi privado de visitas de familiares após queixar-se da deterioração das condições na prisão onde cumpre sua pena. Sua esposa denunciou que os responsáveis pela prisão não permitem que o dissidente receba tratamento médico ou seja atendido fora do local.
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