Fazia 32 graus e a umidade do ar estava em 60 por cento quando a dupla do vôlei de praia Ricardo e Emanuel iniciou seu treino por volta das 8 da noite de quinta-feira em Pequim. O forte calor e a elevada umidade estão sendo considerados pelos brasileiros como aliados na busca pelo bicampeonato olímpico --eles foram ouro em Atenas. "Está bastante quente, o que pra gente é favorável. A gente prefere jogar no calor", disse Emanuel, que treina com Ricardo durante parte do ano em João Pessoa, na Paraíba. As condições climáticas em Pequim pouco têm se alterado nos últimos dias. Não tem chovido e a temperatura tem se mantido em torno dos 35 graus centígrados. A outra dupla brasileira nos Jogos, Márcio e Fábio, baseados em Fortaleza, concordam com a avaliação. "Acho que vai fazer diferença sim", diz o capixaba Fábio, que vai para sua primeira Olimpíada. Ele e Márcio treinaram na arena principal do complexo de vôlei de praia construído pela organização dos Jogos em um parque em Pequim, o Chaoyang, para onde foram transportadas toneladas de areia retirada da província de Henan, já que a capital chinesa não é banhada pelo mar. "Achei muito boa a areia", disse Emanuel, que terá uma estréia relativamente fácil, contra Angola, no dia 9, apesar de dizer que o torneio olímpico tem uma dinâmica diferente do circuito mundial, que a dupla vence consecutivamente desde 2003. Ele cita a questão dos espaços entre os jogos, de dois dias, quando no circuito chegam a jogar até duas vezes por dia. "Dá tempo de fazer um treinamento específico na véspera do jogo, considerando o próximo adversário". Márcio quer tentar melhorar o desempenho que alcançou em Atenas, ao lado de outro companheiro, Benjamin, quando ficou em nono lugar. E para isso quer distância de pensar na idéia de levar uma medalha de ouro pra casa. "Isso me atrapalhou da última vez, ficar pensando na possibilidade de vencer. Dessa vez quero pensar só no próximo adversário, jogo por jogo", afirmou o cearense. Entre os que podem atrapalhar seus planos, os brasileiros citam duplas dos EUA, Alemanha, Holanda e Rússia, além da China, que tem melhorado no esporte. "Os chineses têm jogado bem, mas tem que ver como eles vão se sentir na Olimpíada, jogando em casa", afirmou Emanuel.
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