As investigações do Banco Central (BC) sobre o rombo do Panamericano apontaram falhas no trabalho da Deloitte, a empresa que auditava o banco. Documentos do BC afirmam que a Deloitte não teria adotado "procedimentos adequados e suficientes de auditoria que permitissem detectar grave irregularidade contábil praticada de forma sistemática e contínua" pelo Panamericano. Em razão dessas supostas falhas, segundo os técnicos do BC, a Deloitte "emitiu parecer sem ressalvas referente às demonstrações financeiras de 30/06/2010". Com isso, chancelou como real e confiável uma peça que depois se revelou fraudulenta -- o BC descobriu que a contabilidade do banco era maquiada e escondia perdas de R$ 4,3 bilhões. É preciso lembrar, porém, que o próprio BC não conseguiu detectar a fraude inteira. Os técnicos que descobriram o rombo inicial de R$ 2,5 bilhões no ano passado não perceberam que havia mais um buraco de R$ 1,3 bilhão -- encontrado este ano pela nova administração do Panamericano, com ajuda da própria Deloitte. A empresa de auditoria nega todas as acusações do BC. Com mais de 90 páginas de explicações, a defesa da Deloitte nega a acusação feita pelo BC de não ter adotado procedimentos "adequados e suficientes" quando auditava o banco Panamericano. "Fizemos tudo que era preciso fazer", afirma Maurício Pires Resende, sócio da Deloitte. Segundo ele, ao contrário do que diz o BC, o trabalho de auditoria foi focado nas operações de venda de carteiras de crédito para outras instituições, principal fonte de irregularidades. A principal farsa no Panamericano era inflar o balanço com ativos que não existiam. O banco dava crédito e montava grandes carteiras que depois eram vendidas a outros bancos. Só que, mesmo vendidas, essas carteiras continuavam no balanço.