O polêmico tombamento da mansão de Edemar

A proposta de transformar o patrimônio em museu é do ex-juiz e agora desembargador do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, Fausto De Sanctis. Porém, outro juiz envolvido no caso têm posição contrária ao tombamento do imóvel e das obras de arte

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Por Redação
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Paula Pacheco A possibilidade de a mansão e as obras de arte de Edemar Cid Ferreira, fundador do Banco Santos, serem tombadas pelo poder público e convertidas em museu tem gerado polêmica. Para o juiz Régis Rodrigues Bonvicino, da 1ª Vara Cível de São Paulo, responsável pelo despejo do ex-banqueiro, as obras e a mansão devem ser vendidas para se pagar a dívida do banco com credores. A proposta de transformar o patrimônio em museu é do ex-juiz e agora desembargador do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, Fausto De Sanctis. "Com todo respeito ao dr. Fausto, mas está se querendo fazer caridade com dinheiro alheio. Como ele bem sabe, o Edemar deixou um rombo de R$ 3 bilhões. Como ficam os credores?", diz Bonvicino. "Se for para fazer um museu, tem de ser dos lavadores de dinheiro, algo didático à população. Mais apropriado ser um museu do crime do colarinho branco." Sanctis, por sua vez, se respalda na Constituição brasileira e na Convenção da Unesco, da qual o País é signatário, para defender a criação do museu. "Não se pode olhar pela ótica de poucos, como se está tentando desenhar. Qualquer autoridade, incluindo os juízes, tem obrigação de proteger o patrimônio cultural. Obra de arte não tem valor econômico, mas artístico", diz. Recentemente Sanctis enviou ofício ao Ministério Público Federal para que questionasse o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) sobre o processo de tombamento, iniciado em 2008. "Queria saber porque esse processo não está na sua marcha natural", explica. Por meio de nota, a Unidade de Preservação do Patrimônio Histórico (UPPH) informa que o estudo de tombamento do imóvel e dos bens "segue o procedimento padrão a todos os processos". Alberto Sauro, arquiteto responsável pelo laudo do acervo de Edemar, formado na Universidade de Veneza, não acredita no potencial da casa e das obras para compor um museu. "É clara a falta de cultura nessa coleção. Edemar não tem uma formação para isso. Ali existe uma cultura de consumo, não artística." Sobre a casa, Sauro afirma: "Não se trata de uma encomenda cultural, mas financeira. Não é justo que aquele castelo superdimensionado seja considerado um patrimônio".

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