Do anunciado pacote de contenção de despesas de R$ 50,1 bilhões no Orçamento da União de 2011 o governo federal só cortará "na carne" R$ 13,1 bilhões, dos quais R$ 3,4 são investimentos. O restante do ajuste o Palácio do Planalto pretende fazer às custas de combate a fraudes, do adiamento do pagamento de sentenças judiciais, e de reestimativas. É o que revelam os dados divulgados ontem pelos ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Miriam Belchior. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) teve redução de R$ 5,1 bilhões no Minha Casa Minha Vida (que tecnicamente faz parte do PAC). O governo anunciou o corte de recursos do Minha Casa porque a segunda etapa do programa ainda não foi aprovada no Congresso, o que deve se concretizar só por volta de maio. Assim, é um gasto que o governo não conseguiria fazer mesmo se quisesse. Mais R$ 3,5 bilhões serão poupados com a suspensão de novos concursos públicos e contratações de novos funcionários. Tudo somado, sobram R$ 13,1 bilhões de corte efetivo. O corte de despesas pretendido era de R$ 50,1 bilhões, mas a redução de gastos anunciada ontem foi de R$ 53,6 bilhões, para compensar dispêndios não previstos de R$ 3,5 bilhões. Desses R$ 53,6 bilhões, R$ 18 bilhões são emendas de parlamentares, que o governo nunca pretendeu executar. Houve ainda vetos de R$ 1,6 bilhão ao Orçamento, atingindo as emendas. Outros R$ 9 bilhões foram "economizados" com uma nova estimativa de gastos com subsídios. Combate a fraudes Executivo pretende cortar R$ 3 bilhões combatendo fraudes no abono e seguro-desemprego, algo cujo resultado é incerto, e outros R$ 2 bilhões apresentando recurso em uma disputa judicial da Previdência Social.
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