Principal jogador do Brasil e também o mais querido da torcida, Kaká teve ontem dia de irritação em Johannesburgo ao usar parte de sua entrevista, mesmo curta, para mandar um recado ao jornalista Juca Kfouri, da ESPN Brasil e da Folha de S. Paulo. Motivado por um texto do jornalista sobre sua pubalgia e "a necessidade de cirurgia após a Copa e consequentemente um possível fim de carreira prematuro como ocorreu com o tenista Gustavo Kuerten", Kaká foi ácido como nunca havia sido antes diante de tantos repórteres brasileiros desde que a seleção se juntou para o Mundial. Fez um desabafo e acusou o colunista de persegui-lo pelo simples fato de ele acreditar em Jesus Cristo e propagar seus ensinamentos no meio do futebol, até mesmo na seleção brasileira. A resposta não foi dada diretamente ao jornalista, já que Kfouri não participou da entrevista ontem, no Randpark Golf Club. O jogador aproveitou uma pergunta do filho de Juca Kfouri, André, repórter da ESPN Brasil, para expressar sua mágoa. "Há algum tempo os canhões de seu pai têm me atingido de alguma forma. Ele tem virado a artilharia dele para mim. Infelizmente o motivo que seu pai, Juca Kfouri, me ataca não é um motivo profissional. E é isso que me deixa mais triste. O problema dele comigo é por eu falar da minha fé em Jesus Cristo. Então, da mesma forma que eu o respeito como ateu, gostaria que ele me respeitasse como alguém que professa a fé através de Jesus Cristo. Esse é o meu pedido para ele: que respeite não só a mim, mas a milhões de outros brasileiros que creem em Deus." A frase foi longa e única. Kaká não voltou mais ao assunto. O jogador desconversou ainda sobre os problemas de Dunga com todos os jornalistas que acompanham o Brasil. Assumiu ainda que a decisão de os atletas não conversarem com a imprensa fora das entrevistas oficiais foi um assunto discutido e aprovado previamente entre elenco e comissão técnica, e que essa seria a forma de trabalhar na África. Deixou claro, portanto, que os atletas também escolheram fazer treinamentos fechados e limitar o acesso de repórteres e torcedores na concentração. "Isso foi decidido de forma coletiva." A defesa. Em seu blog, Juca Kfouri se defendeu depois da entrevista do atleta. "Kaká se engana e enfiou Jesus onde Jesus não foi chamado. Critico, sim, o merchandising religioso que ele e outros da seleção costumam fazer, tentando nos enfiar suas crenças goela abaixo. Um tal exagero que a Fifa tratou de proibir depois do que houve na comemoração (do título) da Copa das Confederações", escreveu o blogueiro. "Mas não abri bateria nenhuma contra ele."
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