O projeto de reforma do Estádio do Maracanã entregue para a Fifa no início do ano não é o mesmo que a equipe de técnicos da entidade verá, na próxima semana, no primeiro contato com os comitês das cidades escolhidas para receber a Copa de 2014. No centro da mudança, estão o Parque Aquático Júlio Delamare e o Estádio de Atletismo Célio de Barros. As duas construções, tombadas pelo patrimônio histórico municipal, fazem parte do Complexo do Maracanã. Mas, para o Mundial, terão de ser demolidas - pelo menos de acordo com o edital de licitação internacional para a exploração da área do estádio e seu entorno. O projeto do Rio enviado à Fifa, em janeiro, foi realizado pelo arquiteto Antonio Saraiva, do escritório carioca Artetec. O trabalho prevê a manutenção das duas edificações e de uma série de intervenções urbanísticas na área do estádio. No entanto, anteontem, o arquiteto Eduardo de Castro Mello - que também trabalha na reforma do Mané Garrincha, em Brasília, e do Verdão, em Cuiabá - acabou informado de que o seu trabalho é que será avaliado pela Fifa na próxima quarta-feira. O profissional recebeu um telefonema da secretária estadual de Esportes, Lazer e Turismo do Rio, Márcia Lins. O projeto de Castro Mello está de acordo com as diretrizes do edital, que prevê a demolição dos dois equipamentos e a reconstrução de ambos. De acordo com Márcia, o que houve antes foi a apresentação de sugestões e opções de como poderia ser o projeto. "Para a secretaria, no entanto, o projeto conceitual é o de Castro Mello." OPÇÃO DESCARTADA Apesar de ter tido o trabalho levado à Fifa, Antonio Saraiva sabe que seu projeto já foi descartado pelo governo do Rio. Ele se recusa a demolir tanto o Parque Aquático - cuja reforma, para a realização do Pan-Americano do Rio, em 2007, custou R$ 10 milhões - como o Estádio do Atletismo. "Eu discordo do edital. Estou do lado da população, como cidadão, não só como arquiteto", ressalta. Tanto é assim que ele foi procurado para apoiar o movimento que pretende evitar a demolição. Em contrapartida, o pragmático Castro Mello afirma que, se o Rio pretende de fato receber a decisão da Copa do Mundo no Maracanã, terá mesmo de demolir os prédios localizados no entorno. "Será impossível atender aos requisitos exigidos pela Fifa com aqueles equipamentos ao lado do estádio." Castro Mello explica que seu escritório foi contratado pela empresa de consultoria americana Booz & Company para fazer um estudo do Complexo do Maracanã quando o prefeito Eduardo Paes ainda era secretário municipal de Esportes. O objetivo, segundo ele, seria dar diretrizes ao projeto arquitetônico do estádio e incluí-las no edital de licitação. O próprio arquiteto, contudo, acabou criando um projeto paralelo para participar da concorrência.