Ele tinha os dedos da mão tortos de tanto pegar bola, balão, catar pelota, couro, esférico e o nome que você quiser dar às bolas dos anos 50, 60 e 70.
Goleiro campeão da América e do mundo pelo Nacional do Uruguai. Goleiro bicampeão brasileiro pelo Internacional. Goleiro que foi muito mal pela seleção brasileira em 66 no Mundial. Uma personalidade forte que saía no tapa e da meta e até na arma contra as pessoas e desafetos de almas, como João Saldanha.
Uma carreira de idas e vindas pela meta com reflexos estupendos. Tempos de reação impressionantes de um cara reativo, com elasticidade de gigante, de goleiro, de craque, de Manga. De camisa histórica no Botafogo, de data de nascimento histórica para o dia do goleiro no Brasil.
Um dos maiores que o Brasil já teve. Discutido também, mas indiscutível em jornadas inesquecíveis, como a do primeiro título do Internacional contra o Cruzeiro em 1975. Que até tiro de meta batia um gol com aquelas curvas, que só Nelinho, contra aquelas defesas que só manga para mandar para escanteio, para mandar para fora, para mandar para a história e antologia.
Manga, que no final da vida teve uma série de problemas, mas que foi defendido por amigos queridos e por fãs de um ídolo de cara feia, brava. Mas que no fundo só queria mesmo era defender a sua meta, o seu objetivo de ser um goleiro raro, goleiro que fazia lindo por mãos e por dedos tortos.
Da linda camisa com estrela no peito e na manga, um Botafogo que também teve o maior de todos, que driblava certo por pernas também tortas. Só podia mesmo o clube ter como seu maior goleiro aquele com os dedos tortos, virados e revirados. Aquelas bolas que os olhos dos torcedores viravam e reviravam achando que ela ia entrar, mas que com Manga na meta era uma outra história revisitada.
Dizem que o fruto não cai longe da sua árvore, dizem que só mangueira leva a pedrada por dar fruto, é porque de fato tem Manga para se desfrutar. E quem pode desfrutar de Manga, ou mesmo torcer contra, sabe que ali tinha um goleiro que não era para qualquer um, era o número um, era Manga.
Força e luz a família e amigos.