SÃO PAULO - A terra vermelha de Paris tem um novo rei: Rafael Nadal. O tenista espanhol, de 26 anos, tornou-se o atleta com maior número de conquistas em Roland Garros, após a vitória na final sobre o número 1 do mundo, o sérvio Novak Djokovic, por 6/4, 6/3, 2/6 e 7/5. Com a conquista, o espanhol passa a ser o único na história a ter sete títulos do Aberto da França. Antes dividia o posto com o sueco Bjorn Borg, com seis.A chuva de domingo em Paris interrompeu a final no quarto set e aumentou o suspense, embora a partida já se mostrasse encaminhada para um final feliz de Nadal. Ele havia vencido os dois primeiros sets para, no terceiro, sofrer seu primeiro revés em toda a competição. A partida foi reiniciada ontem no quarto set com vantagem de 2 sets a 1 para Djokovic. O espanhol, no entanto, tinha vencido o último game antes da interrupção.Apesar das reclamações por ter de jogar a final em dois dias, o espanhol admitiu que, no fim das contas, a situação lhe beneficiou. "Especialmente porque as condições (piso úmido) não eram as melhores para mim." Mas a conclusão só veio pouco antes do jogo. "Fiquei muito nervoso toda a noite, um pouco ansioso... Desde domingo, quando a partida foi interrompida, o primeiro momento no qual senti que poderia ganhar foi três minutos antes de entrar em quadra."Com a bola em jogo, Nadal sentiu-se confiante após perceber que era capaz de uma atuação melhor do que a da do dia anterior. Djokovic até que tentou uma virada semelhante a que havia imposto ao francês Jo-Wilfried Tsonga durante o torneio. Chegou perto, mas, no fim, o sérvio sucumbiu à pressão imposta por Nadal, perdeu o set e a chance de ser o primeiro tenista em 43 anos a ganhar os quatro Grand Slams em sequência.Tensão. No domingo, apesar do favoritismo, Nadal entrou em quadra tenso. "Comecei jogando fantasticamente, depois a coisa complicou." Os problemas, segundo ele, apareceram junto com a chuva, que no domingo causou uma interrupção temporária no segundo set. "As condições eram muito pouco usuais. A bola estava mais pesada do que nunca (por estar encharcada). Ao final consegui voltar a rebater na última meia hora (antes de o jogo ser definitivamente interrompido). Em minha opinião, as condições estavam melhores para Novak do que para mim."Djokovic soube aproveitar a oportunidade. "Ele jogou maravilhosamente estes oito games (entre o terceiro e o quarto set), sem cometer erros... Perdi metros atrás da linha de fundo. Sentia que não poderia pará-lo como fiz no princípio", lembra Nadal. Felizmente para ele o jogo foi interrompido para ter seu último capítulo ontem e o espanhol se consagrar. RECONHECIMENTOO adversário se rendeu. "Ele é definitivamente o melhor jogador da história neste tipo de piso (saibro)", declarou Djokovic. "E o resultado está mostrando que ele é um dos melhores de todos os tempos." Borg também reconheceu a conquista e os números impressionantes do espanhol na terra batida do Aberto da França. "Recordes existem para ser batidos e ele jogou de uma forma fantástica nestas duas últimas semanas", comentou o tenista sueco, um dos melhores da história.Nadal garante que, apesar das dificuldades enfrentadas na decisão, conseguiu seu objetivo de usufruir do prazer de ter a experiência da inédita sétima vitória em Paris. "Desfrutei da final. Sofri, mas desfrutei." Já tranquilo, o campeão foi capaz de fazer uma avaliação do que pôde demonstrar este ano nos torneios em seu piso preferido. "Provavelmente esta foi a minha melhor temporada no saibro", declarou, ressaltando o bom planejamento de treinos. ALPISMOApós a premiação, Nadal comemorou o título escalando o muro que separa a quadra das arquibancadas e se juntando à família e amigos, como o jogador de basquete Pau Gasol. "Aconteça o que acontecer, estou consciente de que minha temporada será boa. Esta é a tranquilidade que se conquista com uma vitória como esta."