Primeiro foram os rumores de que Flavio Briatore, diretor da Renault, poderia substituir Nelsinho Piquet antes mesmo de o campeonato terminar. Apesar de ser a temporada de estréia na Fórmula 1, o seu rendimento estava abaixo do esperado e das necessidades de fazer pontos da escuderia francesa. Agora, antes do GP do Japão, domingo, fala-se que Lucas Di Grassi, brasileiro que realizou excelente trabalho na GP2 este ano, terceiro mesmo sem disputar as seis primeiras corridas, poderá assumir a vaga de Nelsinho em 2009. Nada disso está confirmado, ainda, mas como explicar que depois de disputar o título com Lewis Hamilton na GP2, em 2006, Nelsinho tenha ficado tão para trás? Profissionais do automobilismo que acompanham a trajetória do filho de Nelson Piquet nas pistas não estranham a falta de melhores resultados. E, curiosamente, nem o próprio piloto. "Sempre foi assim. Minhas primeiras temporadas são de aprendizado para, na seguinte, lutar pelo título", diz Nelsinho. É dessa forma que encara a F-1. O que talvez não tenha ficado claro, ainda, para o piloto da Renault é que na F-1 pode não existir uma segunda chance. "Nelsinho é um bom piloto, mas demora um pouco para aprender, em especial as novas pistas", afirma Briatore. Essa sua "falta de pressa" em mostrar serviço tem origem bastante clara. Nelsinho sempre correu nas equipes montadas por seu pai, no kart, na Fórmula 3 Sul-Americana, Fórmula 3 britânica e GP2. Pôde nesse período planejar a escalada de conquistas, o que não lhe é mais permitido no desafio da F-1. Nelsinho está sentindo muito os efeitos dessa educação caseira: pela primeira vez é um empregado. E deve responder a um chefe que, por sua vez, também é um empregado, de quem cobram da mesma forma. No sábado da classificação do GP da Alemanha - por coincidência a prova em que desenvolveu melhor trabalho, ao terminar em segundo -, Nelsinho só foi se reunir com os engenheiros da Renault no início da noite, atingido emocionalmente por ter obtido apenas o 17º tempo no grid, enquanto o companheiro, Fernando Alonso, o quinto. "Eu sempre fui melhor que meus companheiros. Agora tenho de aprender a conviver com um piloto que já conquistou dois títulos, o que não é fácil", comenta. "Sempre me achei bom em curvas de alta, mas, de repente, vi com o Alonso que tenho ainda que evoluir." Quem conhece Nelsinho mais de perto afirma tratar-se de um rapaz sensível e que nada tem a ver com a imagem de indiferença - e até arrogância - que passa. Mas dentro da própria Renault há uma parte do time que não o vê com muita boa vontade, embora o respeite. E momentos como o atual, em que Alonso marcou pontos em três das quatro últimas etapas - com dois quartos lugares e uma vitória - e Nelsinho não chegou uma única vez entre os oito melhores, não deixam de potencializar seu desgaste no grupo. "Ano que vem vou estar na Fórmula 1", garante o piloto, de 23 anos. Pode ser na própria Renault, porque Briatore ainda não definiu seus pilotos para 2009, ou num outro time. Se tiver essa segunda oportunidade, as possibilidades de mostrar-se um profissional bem mais preparado, tendo em vista seu histórico, são mesmo boas. Mas vai depender de a F-1 compreender e acreditar que ele funciona assim mesmo.