Tirando Cesar Cielo, indiscutível, os demais campeões são a personificação de um erro crasso que a natação brasileira cometeu na última década e tenta agora consertar. Felipe França, Nicholas Santos e Guilherme Guido já tinham medalhas em Mundiais, sempre em provas não-olímpicas, mas nunca chegaram perto de um bom resultado em Olimpíada. Não têm uma final olímpica no currículo.
França já faturou ouro e prata em provas de 50 metros peito em piscina longa (prata em Roma/2009, ouro em Xangai/2011) e outras três medalhas em Mundiais de Curta (todas em Dubai/2010). Nicholas, um veterano, começou a trajetória de medalhas em Mundiais de Curta em 2004 e chegou agora à quinta conquista. Guido já colecionava dois bronzes em piscinas de 25 metros.
Se já não há tanta gente boa interessada em nadar em piscinas de 25 metros (lógico que há exceções, além dos "fominhas", como Lotche, Hosszu e Le Clos), o número cai consideravelmente quando pensamos nas provas rápidas de estilos (50m peito, 50m borboleta, 50m costas), que não constam no programa olímpico nem na piscina longa. O desinteresse é elevado à terceira potência quando se pensa em um revezamento envolvendo três dessas provas. Chegamos nos 4x50 medley masculino. Só o 4x50m medley misto é menos importante.
A prova é só mais uma que ajuda a banalizar o Mundial de Curta. Em Doha, serão distribuídas 246 medalhas, com 12 provas de revezamento. Em uma Olimpíada, são 150 medalhas, apenas. Um bom atleta norte-americano de 50m e 100m livre, por exemplo, pode ganhar sete medalhas apenas nadando essas duas provas (duas no individual e cinco em revezamentos, dependendo só do fôlego). É muita coisa para muito pouco.
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