Os EUA aprenderam a gostar de futebol

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Por Ana Paula Garrido
2 min de leitura

Passar por peneiras é rotina para quem sonha ser jogador de futebol. Para 190 brasileiros que atuam nos Estados Unidos, o teste foi mais rígido - precisaram ir bem na escola e, claro, saber falar inglês. Se aqui a ligação bola-escola não combina, lá é caminho obrigatório. Os clubes selecionam os atletas nas universidades. Foi assim com o brasileiro Pablo Campos, que hoje atua no Real Salt Lake, atual campeão nacional. "Fomos até a Casa Branca por causa do título", orgulha-se. Essa realidade faz Fábio Vilas Boas sonhar com a profissionalização. A primeira etapa ele já cumpriu - jogou por dois anos no colegial. "Um técnico da Universidade me viu e me chamou para jogar", disse o futuro estudante de marketing. Assim como Fábio, Luca Gimenez também pretende jogar por uma faculdade. A meta do garoto de 18 anos é ser escolhido por um clube, logo na primeira seletiva. "Os primeiros chegam a ganhar US$ 120 mil (cerca de R$ 215 mil) por ano", explica.Antes, no entanto, os jovens terão pela frente uma dura jornada dividida entre treinos e (muito) estudo. "Mesmo se jogasse bem, não seria suficiente. Precisaria ir bem nas provas para jogar na liga", lembra Pablo.Além de terem mais uma exigência, os garotos costumam sofrer para se adaptar à cultura e, principalmente, ao estilo diferente de jogo. "Eles usam muito o corpo, valorizam a parte física", comenta Luca. Para Fábio, o que mais atrapalhou foi a distância da família. "Treinava duas vezes por dia, sem problemas. Mas a saudade quase me fez desistir."Surpresa. Ainda que não seja igual ao brasileiro, o futebol dos EUA impressionou. Tanto que Fábio aproveitou as férias no Brasil para entrar em forma. "Quero chegar bem, porque o nível é alto." Para Ricardo Silveira, sócio da 2SV Sports, empresa que faz intercâmbio de jogadores, a confirmação da competitividade veio no ano passado, quando um time universitário jogou com equipes sub-20 do São Paulo e do Palmeiras. "Os confrontos foram disputadíssimos, o que mostra que estão no mesmo nível", comparou.Prova disso é o desempenho da seleção americana na Copa. Bem diferente do Mundial passado, quando se despediu da competição na primeira fase, terminando em último no grupo. A explicação para o aumento do nível técnico do elenco atual - do qual 13 jogadores participaram de ligas universitárias -, vem da influência latino-americana. "Além de brasileiros, há muitos argentinos. Isso traz uma outra visão ao futebol americano. Agora, precisamos de treinadores estrangeiros", indica Pablo.A quantidade de jogadores brasileiros quintuplicou em 4 anos. "Antes iam 20 garotos por ano, agora vão 100", afirmou Ricardo. E deve aumentar, se depender da torcida dos garotos que cogitam se naturalizar, como Pablo, a referência para os calouros.

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