Promotor defende torcida única em SP

Paulo Castilho diz que isso trará ainda economia de aparato policial

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Por Bruno Deiro e Camila Haddad

O promotor Paulo Sérgio Castilho, responsável por combater a violência nos estádios de São Paulo, defendeu ontem uma única torcida para jogos considerados de alto risco na cidade. Segundo ele, essa é uma das poucas maneiras de evitar confrontos. "Não sou favorável a isso, mas, devido ao ocorrido (morte do torcedor corintiano), infelizmente essa é a nossa posição." Para o promotor, além de diminuir as chances de brigas, a ideia trará uma economia de aparato policial e evitará que a população fique sem segurança em outros pontos da cidade. Por enquanto, Castilho não tem um plano detalhado para colocar em prática a proposta de torcida única, mas garantiu que é hora de unir esforços e caminhar para "medidas drásticas". Ele acredita que, com a torcida única, dificilmente torcedores rivais vão se deslocar até os arredores dos estádios para provocar uma torcida maior. O major José Balestiero Filho, comandante interino do Batalhão de Choque, também é favorável à torcida única. "Seria bem melhor. Não teria tanto torcedor e, em questão de logística, melhora muito." Dois dias antes do jogo, Castilho disse ter recebido telefonema informando que 15 ônibus da torcida Força Jovem, do Vasco, com 400 torcedores, viriam a São Paulo para se encontrar com aliados da Mancha Alviverde e da TUP, ambas organizadas do Palmeiras, na Rua Turiaçu, em Perdizes, zona oeste, e de lá iriam a pé ao Pacaembu. O promotor, então, se reuniu com a Polícia Militar e solicitou a escolta ao grupo carioca já na Via Dutra. Mesmo assim, não conseguiu evitar o que chamou de "guerra campal". "Às 21h30 de quarta-feira eu recebi um telefonema de que a emboscada havia acontecido." Indagado se houve falha na escolta, respondeu que não e ainda elogiou o trabalho dos policiais. SOLUÇÃO INEFICAZ A proposta do Ministério Público de permitir apenas uma torcida nos estádios é uma solução paliativa, na opinião da socióloga Glória Diógenes, que estuda as relações entre jovens e violência nos centros urbanos do País. "Eles precisam de enfrentamento para adquirir visibilidade. Se não contra rivais, será de outra forma, queimando ônibus, por exemplo", comenta. Segundo a pesquisadora, a raiz do problema está em uma espécie de inclusão social às avessas. "Esta violência é uma forma de insurreição urbana", analisa Glória.

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