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Foto do autor: Robson Morelli

Fernando Diniz não entendeu ainda o seu trabalho na seleção, seu prazo no cargo e o que tem de fazer

Time sofre com erros do treinador, de composição e trocas de atletas, e perde para a Colômbia por 2 a 1; foi a segunda derrota seguida da equipe nas Eliminatórias; setor defensivo fracassa

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Por Robson Morelli
Atualização:
3 min de leitura

O Brasil perdeu no fôlego, nas decisões de Fernando Diniz e na fraca defesa, que não percebeu desde o primeiro tempo que James Rodríguez e Luis Díaz deveriam ser marcados mais de perto. O gol brasileiro logo no começo do jogo contra a Colômbia fez muito mal à seleção, que tomou conta da disputa em Barranquilla e não viu os rivais crescendo na partida. O primeiro tempo do Brasil não foi ruim porque os jogadores de frente voltaram com frequência para o meio de campo, onde a Colômbia sempre teve mais atletas. A derrota por 2 a 1 foi justa.

Enquanto o Brasil teve fôlego para fazer isso, o jogo ficou no mínimo equilibrado. Quando o gás acabou, os donos da casa deitaram e rolaram e poderiam ter feito mais gols.

Então, a seleção brasileira perdeu nesses dois fundamentos: recomposição do meio de campo e o fôlego dos homens de frente, que depois foram sendo trocados. No primeiro tempo, o Brasil perdeu Vini Jr., que está bem. Ele havia ido muito mal na derrota para o Uruguai. O gol de Martinelli deu moral para o time e para o jogador. Repito: o Brasil não fez um primeiro tempo ruim.

Diniz não viu Luis Díaz em campo, se viu, ele não se proocupou com o atacante da Colômbia Foto: Ricardo Mazalan / AP

Mas Diniz não se deu conta de que a disputa se dava no meio de campo. Deixou rolar. Errou, portanto. Quando colocou João Pedro no ataque, perdeu um jogador na reposição. Quando tirou Rodrygo, perdeu quem segurava a bola. Diniz olhou apenas para o seu time e não fez a leitura correta da seleção colombiana. Também colocou a carroça na frente dos bois ao promover a estreia de alguns meninos, como Pepê e Endrick. Não era jogo nem condição para eles.

Enquanto isso, Luis Díaz fazia a festa e os gols. Ele fez os dois da Colômbia. Diaz foi muito festejado. Ele teve o pai sequestrado por 12 dias antes de ser libertado dentro do país. Seu time virou para cima do Brasil. Foi a primeira derrota brasileira para os colombianos nas Eliminatórias. O Brasil perdeu na partida anterior para o Uruguai e agora para a Colômbia e tem a Argentina no próximo jogo. Pode amargar três derrotas seguidas e descer a ladeira.

Diniz não entendeu nada ainda do seu trabalho na seleção. Todos entendemos que ele não tem tempo para trabalhar e treinar, mas não foi esse o problema do jogo. Ele não entendeu o que estava acontecendo em campo, não se preocupou com o rival em nenhum momento. Olhou apenas para o seu time. Zagallo, no passado, fez a mesma coisa diante de uma Holanda que não parava de atacar. Um inferno. Diniz repetiu isso, dadas as devidas proporções.

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O Brasil também foi fraco na defesa, sem entrosamento e longe de passar segurança para os torcedores. Nem mesmo Marquinhos se salvou. Royal Magalhães e Lodi permitiram todo o jogo ofensivo dos adversários. Comentei antes do jogo na Rádio Eldorado que Diniz não deveria se preocupar tanto com seu trabalho autoral e em fazer o Brasil ganhar seus jogos, uma vez que ele deixará o posto em junho, como prometeu a CBF para a chegada de Carlo Ancelotti.

Diniz erra em querer fazer com a seleção o mesmo que faz com o Fluminense. Não dá. Ele precisa de tempo e de repetição, tudo o que não tem no cargo. Ele prometeu um Brasil melhor do que foi diante do Uruguai na derrota passada e não conseguiu fazer isso. Seu Brasil se expõe demais. Pelo prazo que tem (mais três partidas, sendo duas amistosas), ele tinha de trabalhar por resultados, porque tudo mais será perdido com a troca de comando. E os tropeços vão ser lembrados para sempre e colocados em sua conta.

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