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''Se perder, eu não vou me matar. Tenho capacidade''

Técnico mostra confiança em seu trabalho e já se diz preparado para encarar as críticas diante de possíveis tropeços no novo clube

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Por Luís Augusto Monaco
Atualização:

Felipão está em lua-de-mel com a imprensa inglesa. Em sua última coletiva antes da estréia no Campeonato Inglês - hoje, em casa, contra o Portsmouth - ele passou 80 minutos hipnotizando jornalistas com seu carisma. Em 50 dias no Chelsea, ?Big Phil? já conquistou jogadores, torcedores... Único veículo de comunicação brasileiro entre os quase 50 que participaram da coletiva, o Estado traz a entrevista. Como você se sente às vésperas de estrear no Campeonato Inglês? É mais um jogo na minha vida, mas no melhor campeonato do mundo, num país em que os torcedores respiram futebol 24 horas por dia. Quando era mais novo ficava ansioso para mostrar que eu era bom, hoje não sou mais assim. Se perder para o Portsmouth não vou me matar, porque sei que tenho capacidade para ajeitar o time. O título ficará entre Chelsea, Manchester, Arsenal e Liverpool? Esqueça isso. Há pelo menos mais uns três ou quatro muito bons, como Portsmouth, Tottenham, Manchester City... Todos têm dinheiro para contratar bons jogadores, todos têm bons locais de treino... É claro que eu adoraria ser campeão, mas perguntem para os outros 19 técnicos se eles vão me deixar ganhar sem fazer força... Em que nível o time chega? Sei que vamos cometer alguns erros. Espero que sejam pequenos, porque se forem grandes perderemos o jogo. Quando começamos a trabalhar, o Essien estava no time. Agora está machucado. O Drogba precisará de três semanas para poder voltar, o Deco sente dores no tornozelo. Sei que o Joe Cole e o Anelka serão titulares. Você acha que o Deco vai se adaptar facilmente ao campeonato? Meu amigo, com a técnica que tem, o Deco joga em qualquer lugar do mundo. Ele é ótimo. O que a renovação do Lampard significou para você? Fiquei muito feliz. Ele não é só um grande jogador, é o símbolo deste clube. No dia em que renovou, me procurou e disse que ficaria por mais cinco anos. Disse: "Muito obrigado, porque como o meu contrato é de dois significa que vou ter você ao meu lado enquanto estiver aqui." Ele disse que vou ficar 10 anos. Prometi que se ficar 10 ele será o meu assistente nos últimos cinco (risos). Ele disse que está impressionado por já ter um relacionamento tão bom com você em seis semanas. Vi sua entrevista e fiquei muito grato a ele por ter dito isso. Falou espontaneamente e é ótimo saber que confia em mim. E o Robinho? Ele vem? Quem não gostaria de ter o Robinho, um jogador fantástico? Não só eu, mas todos os técnicos do mundo. O Robinho dribla, abre espaço, dá assistências, faz gols... Agora, se ele vem ou não, é assunto da diretoria. Estou muito satisfeito com o elenco que tenho. E o Kaká? O Kaká... Não sei quem inventou isso... Se você perguntar para o Milan qual o jogador que eles vendem, eles dirão que todos menos o Kaká. Como você pretende lidar com a insatisfação de quem não jogar? Tenho 25 jogadores e só posso levar 18 ou 19 para o jogo. Alguns vão ficar fora, mas a lista mudará a cada partida. Meu trabalho é manter todos motivados e fazer com que entendam minhas decisões. Abramovich disse que quer um time que jogue bonito e vença. Isso aumenta sua responsabilidade? Você acha que só o Abramovich quer isso? Todos os nossos torcedores querem, eu também quero. Agora, estou há muito tempo no futebol para saber que o que manda é o resultado. Se eu perder, as pessoas vão querer me matar. E vocês da imprensa sabem muito bem disso (risos). Como você se sente representando o Brasil no Campeonato Inglês? Uma honra. Espero representar bem o meu país como o primeiro técnico a trabalhar aqui. Tomara que faça um bom trabalho e abra as portas para outros técnicos brasileiros. Você tem medo de alguma coisa? Na minha profissão? Não, não tenho medo de nada. Tento fazer tudo da maneira correta. Se não der certo, paciência. Só tenho medo do diabo. (risos)

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