A atual temporada de Fórmula 1 tem mesmo afinidade com recordes históricos. Teve seis vencedores distintos nas seis primeiras etapas, algo inédito desde a sua origem, em 1950. No próximo fim de semana, em Montreal, na disputa do GP do Canadá, deve enfrentar a fúria de manifestantes pela segunda vez este ano, também único na sua história. Os estudantes da região administrativa de Quebec, onde se encontra Montreal, contrários ao aumento das anuidades e taxas de matrícula anunciadas em fevereiro, prometem aproveitar-se da presença da imprensa internacional para expor o seu protesto.O GP de Bahrein, quarto do calendário, dia 22 de abril, correu sério risco de não ser realizado em razão da primavera árabe ter atingido esse pequeno país do Golfo Pérsico. Dezenas morreram na luta por mudanças estruturais no governo. Diante do risco de a revolta atingir integrantes da Fórmula 1, o presidente da FIA, Jean Todt, e o promotor do Mundial, Bernie Ecclestone, confirmaram o evento apenas depois de receber garantias das autoridades de que uma operação de guerra seria montada para evitar uma tragédia. Não houve incidentes. Ocorre que uma coisa é o poder de um governante árabe, quase irrestrito e não sujeito à aprovação de um congresso, por exemplo, outra é a extensão do que pode fazer o primeiro ministro de Quebec, Jean Charest. De 13 de fevereiro até 18 de maio os estudantes protestaram nas ruas de Montreal e Quebec por o governo anunciar o aumento médio de US$ 254 (R$ 500) à anuidade de US$ 2.519 (R$ 5.000). A partir daí, principalmente por causa da aprovação de uma lei que restringe as manifestações e exige que os protestantes avisem a polícia a sua intenção até 8 horas antes do início e qual o itinerário. Para a sua cultura liberal é um acinte.Se houver mesmo interesse dos estudantes da província de Quebec de comprometer a realização do GP do Canadá será muito mais fácil que em Bahrein. Há apenas dois acessos à ilha de Notre Dame, no rio São Lorenzo, local do circuito Gilles Villeneuve. São duas pontes. Uma vez controlado o tráfego nesses dois pontos estratégicos, ninguém entra ou sai da ilha. Em Bahrein, o circuito de Sakhir localiza-se no meio do deserto, acessível por todos os lados. Os organizadores da sétima etapa do campeonato já informaram não terem comercializado o número de ingressos de outras edições da prova. É sempre bem grande o público no GP do Canadá. Eles atribuem a queda de interesse às incertezas quanto à segurança decorrente da ameaça de protestos dos estudantes e às ações do grupo mundial de hackers Anonymous. A exemplo do que fizeram com a corrida de Bahrein, desestimularam, através da internet, entrando no site oficial do GP do Canadá, os fãs a comparecer ao circuito “por causa dos riscos que vão correr”. Indiferentes ao que pode acontecer em Montreal no fim de semana, os técnicos começam a instalar, hoje, no circuito, os equipamentos dos 12 times que vão disputar o GP do Canadá, desde domingo na cidade. De acordo com o site oficial da Fórmula 1, os treinos livres de sexta-feira deverão ser realizados sob chuva, mas a classificação, sábado, e a corrida, domingo, com tempo apenas nublado, temperatura entre 13 e 23 graus Celsius.