F-1 vai mudar muito em 2003

Haverá mudanças significativas na programação dos treinos livres de sexta-feira e a liberação da venda de carros de uma equipe para outra.

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Por Agencia Estado
Atualização:

A Fórmula 1 vai mudar e muito. Já no ano que vem. O presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), o inglês Max Mosley, disse nesta sexta-feira, em Mônaco, embora não tivesse anunciado oficialmente, que haverá um terceiro campeonato, o Mundial de Construtores de Motores, mudanças significativas na programação dos treinos livres de sexta-feira e a liberação da venda de carros de uma equipe para outra. Nesta sexta também, Bernie Ecclestone, promotor da Fórmula 1, foi fatalista: "Tenho certeza de que até o fim da temporada perderemos uma ou duas equipes." O Conselho Mundial da FIA tem ainda de aprovar a transformação. Mas toda vez que Mosley promove uma idéia ela acaba aceita. O exemplo maior da influência do dirigente é a introdução dos pneus com sulcos, a partir de 1998, contestada por todos, mas desejada por ele. Portanto, o que Mosley disse nesta sexta em Mônaco, salvo grande surpresa, será adotado na Fórmula 1. "Vamos instituir a competição entre os fabricantes de motores e todos os carros que estiverem equipados com esses motores contarão pontos." Quanto mais equipes os usarem, melhor será para o construtor. "Será uma forma de estimulá-los a repassar seus motores a mais de uma equipe." O custo com motor hoje na Fórmula 1 representa a porção maior das despesas. A Sauber paga para a Ferrari, por exemplo, cerca de US$ 20 milhões por ano. A existência desse campeonato tende a diminuir bastante esse custo, pelo próprio interesse do fabricante. Na realidade, o que Mosley e Ecclestone desejam é a simples cessão do motor, sem cobrança. A medida já faz parte do pacote de conter os custos dos times que disputam o Mundial. Outra novidade será o novo formato do fim de semana de GP. "Ofereceremos duas opções às escuderias. Elas poderão treinar durante quatro horas nas sextas-feiras de corrida e ainda usar um terceiro carro com um terceiro piloto", explicou Mosley. "Outra possibilidade é a equipe testar seus carros entre um GP e outro, mas nesse caso não treinaria na sexta-feira no circuito da prova." Os diretores esportivos dos times terão de escolher uma das duas opções e encaminhar a decisão, por escrito, à FIA. Outra importante vantagem que a entidade oferecerá para quem aceitar treinar apenas na sexta-feira refere-se ao número de motores que cada piloto poderá usar. A partir de 2004, o regulamento, já aprovado, diz que os pilotos terão apenas um motor para disputar os três dias de competição. Caso ele quebre a escuderia poderá substituí-lo, mas como pena seu piloto largará na última colocação do grid. "Quem treinar apenas na sexta-feira poderá usar um motor novo no sábado e outro no domingo", informou Mosley. "Como eu posso competir contra uma organização que realiza 120 dias de testes por ano enquanto eu não faço mais de 20", questionou Eddie Jordan, em Mônaco, em apoio à proposta de Mosley. A idéia de Ecclestone, de as equipes grandes venderem seus carros inteiros às demais, foi encampada por Mosley. Os dois já viram isso quando tinham seus times na Fórmula 1 nos anos 70. Ecclestone era proprietário da Brabham e Mosley, da March. "O momento exige mudanças. Vamos liberar a venda do carro, só do chassi, câmbio, suspensão, seja lá o que for." Equipes como a Jordan, por exemplo, que em 2003 deverá perder o motor Honda, poderiam adquirir o pacote da McLaren-Mercedes. Ou a Arrows, também sem vínculo com montadora, competir com o conjunto da Renault. Nesse sentido, Ecclestone lembrou ontem, no principado: "Custará muito pouco para essas escuderias produzirem quatro carros. Aqui em Mônaco várias delas têm dois chassis extras e não irão usá-los." O promotor falou mais: "Temos de ter um grid com no mínimo 20 concorrentes. E quanto mais modelos dos times de ponta tivermos, mais competitivo será o campeonato." A crise financeira é séria e poderá afetar até os que não têm dificuldades. "O que algumas equipes têm de compreender é que estão jogando um pôquer de alto risco. Como a aposta é alta, se perderem não vão ter dinheiro para continuar." Foi baseado nisso e por conhecer a situação de cada participante em detalhes é que Ecclestone projetou a falência, como a da Prost Grand Prix, de mais uma ou duas escuderias já nos próximos meses. Nesta sexta-feira Paul Stoddart, da Minardi, anunciou a dispensa de 22 funcionários.

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