Parte importante da história da Fórmula 1 foi escrita neste domingo. Em sua primeira prova pilotando pela equipe principal Red Bull, depois de começar sua segunda temporada na Toro Rosso, Max Verstappen se tornou o mais jovem piloto a vencer na Fórmula 1. Aos 18 anos, sete meses e 15 dias, o holandês aproveitou-se da batida entre Lewis Hamilton e Nico Rosberg logo na primeira volta para ganhar o GP da Espanha, disputado em Barcelona. A Ferrari completou o pódio com Kimi Raikkonen em segundo e Sebastian Vettel em terceiro. Daniel Riccardo ficou em quarto apesar de perder um pneu traseiro na penúltima volta.
Até então, o recordista de mais jovem piloto a vencer na principal categoria do automobilismo era Sebastian Vettel, considerado fenômeno ao ganhar o GP da Itália de 2008 com 21 anos, 3 meses e 10 dias. Verstappen é quase três anos mais novo do que era o alemão em sua primeira conquista, também pela Red Bull. Curiosamente, Vettel foi indiretamente responsável pelo feito de Verstappen. No GP da Rússia, há dois finais de semana, o alemão foi duas vezes acertado por Daniil Kvyat, a quem criticou duramente. O comportamento do russo foi considerado tão ruim que a Red Bull decidiu rebaixá-lo à Toro Rosso, sua equipe satélite. Trocou-o por Verstappen, que fez o caminho contrário.
Ou seja: Verstappen ganhou pela Red Bull logo em sua primeira corrida na equipe, confirmando a aposta acertada que levou-o ao cockpit da Toro Rosso na temporada passada, aos 17 anos, gerando uma série de críticas. Muitos consideraram que o holandês era jovem demais para pilotar um Fórmula 1, visto que sequer poderia pilotar um carro de passeio.
Esperava-se dele a imprudência que mostrou o tricampeão Lewis Hamilton neste domingo. O britânico largou na pole position e, logo na primeira curva, perdeu a posição para seu companheiro de equipe Nico Rosberg. Na tentativa de recuperar o primeiro lugar, teve o caminho fechado pelo alemão e saiu da pista. Rodou sobre a grama e voltou para acertar a traseira do companheiro e tirá-lo da prova.
Menos de um quilômetro após a largada, os dois carros da Mercedes estavam fora da disputa. Desde 2012 que a equipe não ficava sem pontuar num GP, enquanto Rosberg vinha de incríveis sete vitórias seguidas - a equipe, de 10. Obviamente que o clima não ficou nada amistoso e, pelo que foi reportado pela transmissão da Rede Globo, os dois cada vez mais arquirrivais não se falaram numa reunião interna convocada às pressas. Apenas pediram desculpas à equipe.
Ferrari e Red Bull não têm nada a ver com os problemas internos da Mercedes e aproveitaram a ausência da melhor equipe das últimas temporadas para brigarem pela vitória. Quando a bandeira verde foi dada na quinta volta, Riccardo e Verstappen estavam na frente, com Sainz, da Toro Rosso, à frente de Vettel e Raikkonen. Com 10 voltas, o espanhol já estava em quinto, fora da briga.
Na 12.ª volta, Riccardo parou e Verstappen assumiu a liderança. Também foi o mais jovem a fazê-lo, ainda que por só uma volta, até parar também. Na 16.ª volta, os quatro primeiros já haviam ido ao box, voltando à pista na mesma ordem de classificação.
Na segunda rodada de paradas, Verstappen optou pelos pneus médios, para tentar ir até o fim da corrida, enquanto Riccardo preferiu os macios. A ideia era abrir o suficiente para poder fazer uma parada a mais e voltar na frente. Vettel mostrou que essa não foi uma boa escolha. O alemão também pôs macios, mas voltou ao box nove voltas depois para colocar os médios.
Riccardo não ficou muito na pista e parou na 44.ª volta. Quando retornou, estava atrás dos concorrentes, em quarto, a sete segundos de Vettel, que por sua vez estava à mesma distância do líder Verstappen. Como esperado, os dois se aproximaram do holandês e do finlandês e as últimas voltas foram emocionantes.
Se a experiência de Vettel permitiu a ele segurar Riccardo, que vinha mais rápido, o talento de Verstappen não deixou que Raikkonen, que tem o dobro da sua idade, sequer tentasse a ultrapassagem. O australiano ainda teve o pneu furado a duas voltas para fim, foi para o box, perdeu 40 segundos, mas voltou em quarto do mesmo jeito. Após largar em 18.º, Felipe Massa fez uma prova de recuperação e terminou na zona de pontuação, em oitavo. Felipe Nasr só conseguiu andar na frente dos dois carros na Haas e completou em 15.º.
RESULTADO
1º - Max Verstappen (HOL/Red Bull)
2º - Kimi Raikkonen (FIN/Ferrari), a 0s616
3º - Sebastian Vettel (ALE/Ferrari), a 5s581
4º - Daniel Ricciardo (AUS/Red Bull), a 43s950
5º - Valtteri Bottas (FIN/Williams), a 45s271
6º - Carlos Sainz Jr (ESP/Toro Rosso), 1min01s395
7º - Sergio Pérez (MEX/Force India), 1min19s538
8º - Felipe Massa (BRA/Williams), 1min20s707
9º - Jenson Button (ING/McLaren), a uma volta
10º - Daniil Kvyat (RUS/Toro Rosso), a uma volta
11º - Esteban Gutierrez (MEX/Haas), a uma volta
12º - Marcus Ericsson (SUE/Sauber), a uma volta
13º - Jolyon Palmer (ING/Renault), a uma volta
14º - Kevin Magnussen (DIN/Renault), a uma volta
15º - Felipe Nasr (BRA/Sauber), a uma volta
16º - Pascal Wehrlein (ALE/Manor), a uma volta
17º - Rio Haryanto (IND/Manor), a uma volta
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NÃO COMPLETARAM:
Fernando Alonso (ESP/McLaren)
Nico Hülkenberg (ALE/Force India)
Romain Grosjean (FRA/Haas)
Lewis Hamilton (ING/Mercedes)
Nico Rosberg (ALE/Mercedes)
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