O que se passou no fim de semana no circuito de Indianápolis foi tão sério para a Michelin, fornecedora de pneus de sete das dez equipes do campeonato, que neste domingo, depois da corrida, nenhum dos seus diretores, Pierre Dupasquier e Nick Shorrock, atendeu a imprensa. A fabricante francesa distribuiu um comunicado, apenas, manifestando seu desapontamento com o ocorrido e suas conseqüências para o público, pilotos e equipes. Pediu desculpas por seus pneus não poderem ser utilizados na corrida, "mas a segurança está acima de tudo", traz o documento. "A Michelin jamais se desviará desse princípio, seja nos pneus de competição ou para outros propósitos." A direção da Michelin lamentou no comunicado todas as sugestões enviadas à direção do GP dos Estados Unidos, para viabilizar a realização da prova, definidas em acordo com suas sete equipes, não terem sido acatadas pela FIA. "Se nossas idéias tivessem sido aceitas, teríamos garantido uma competição segura, com a participação dos nossos times e atenderia o interesse do público." A Michelin agradeceu as equipes que trabalham em conjunto com ela por auxiliarem na elaboração das propostas enviadas à FIA e terem respeitado seu orientação de não correr por motivos de segurança. O pneu traseiro esquerdo de vários carros apresentavam rachaduras nas paredes num sinal de que explodiriam em poucas voltas, como aconteceu com Ralf Schumacher e Ricardo Zonta, ambos da Toyota, sexta-feira. Nas oito etapas disputadas até antes do GP dos Estados Unidos, a Michelin obteve oito pole positions, com a de Indianápolis, nove, e havia vencido todas também. Seu trabalho impressionou pela eficiência. Mas a enorme falha na definição dos pneus a serem utilizados no circuito de Indianápolis, com sua curva 13, bastante inclinada e percorrida a cerca de 300 km/h, não só comprometeu os avanços de imagem conquistados nesta temporada como lança-os quase no esquecimento. O ensinamento maior da corrida de Indianápolis é o mais claro possível: a Fórmula 1 necessita, o mais breve possível, de um fornecedor único de pneus, seja quem for. A maioria dos desgastes do fim de semana em Indianápolis e tantos outros que a concorrência entre Michelin e Bridgestone geram à competição não existiriam, para não mencionar a enorme economia de dinheiro pela necessidade menor de treinos exigida.