Contagem regressiva para a largada da Fórmula E no México, neste sábado. O autódromo Hermanos Rodríguez recebe a terceira prova do ano e, mesmo estando bem cedo, é possível notar a ansiedade e motivação dos pilotos em busca do título no final da temporada. O sinal verde acende às 18h45 (horário de Brasília) e o Brasil terá transmissão pela TV Cultura. O Estadão falou com exclusividade com os pilotos, que se mostraram bem à vontade no México. Como uma segunda casa. O brasileiro Sérgio Sette Câmara, da Dragon/Penske, projeta uma corrida com os pés no chão. Sabe o que tem de ser feito e confia no trabalho que foi projetado em sua equipe.

"O México é uma pista nova para mim", esclareceu o piloto. "É difícil falar de uma pista que eu nunca andei, mas com as reuniões que tivemos dá pra dizer que é uma pista com vários pontos de ultrapassagem. Uma pista muito limitada pela energia, o consumo alto, então temos sempre de administrar", projetou. Câmara analisa também que a experiência conta muito neste tipo de trajeto. Aqueles que souberem administrar a bateria e os pneus serão os primeiros colocados. "Tudo isso faz com que seja uma corrida bem diferente das duas que já fizemos." O português Antonio Félix da Costa, da DS Techeetah, sabe bem o que é correr na Fórmula E. Ele já foi campeão da modalidade e participou de todas as oito temporadas até agora. Experiência e sabedoria não faltam ao piloto. Inteligente, ele usa dos erros cometidos nas duas provas anteriores como lição para subir ao pódio no México.

"Tivemos um fim de semana complicado, um início de temporada mal. Por isso foi um acordar, abrir os olhos tanto eu como a equipe. Vários erros que não podemos fazer a este nível. Chegamos aqui bem preparados e motivados", declarou o português ao Estadão. Costa quer mais. Ele é versátil, pratica outros esportes como surfe e snowboarding. Competir está no seu sangue. Para voltar a conquistar o campeonato, a lição de casa já está sendo feita. "É trabalho, cara. Acreditar. Muita força mental. Na vida temos altos e baixos, e é importante às vezes passarmos por certo pontos negativos para vir só coisas boas depois. Mentalidade está lá em cima, a vontade de vencer é ainda maior."
Os dois pilotos entrevistados pela reportagem também fizeram suas previsões para a temporada. Serão duas realidades diferentes, mas com o mesmo objetivo: de fazer o melhor que podem, alinhados sempre com a equipe de engenheiros e mecânicos.
"Os carros deste ano são muito parecidos com os do ano passado", disse Câmara. "A tendência é que os resultados entre as equipes sejam parecidos mesmo. A nossa performance no ano passado foi de apenas conquistar pontos, pontuar em algumas corridas. A tendência é de que não saímos muito disso. É claro que sempre queremos melhorar, mas não dá pra falar que com o mesmo carro do ano passado, que de vez em quando dava para pontuar, eu vou sair ganhando corrida. É muito improvável."
Já Costa foi mais amplo. Preferiu fazer uma análise do todo, e não só de sua equipe. Mas o ponto em comum entre os dois foi: competição emocionante e equilibrada. "É complicado, mesmo olhando para as duas corridas na Arábia Saudita, teve muita gente na frente. Acho que o campeonato está forte. Mas temos de focar no nosso trabalho, garantir e fazer um dia bom", declarou.
SONHO COM F-1
A comparação acaba sendo inevitável, até porque a Fórmula 1 é o sonho de todo piloto de automobilismo desde criança, e isto não é diferente com Sérgio Sette Câmara. O mineiro de apenas 23 anos diz estar focado na Fórmula E, mas que sim, a principal categoria do automobilismo mundial é, sem dúvida, atrativa. "A Fórmula 1 é um sonho para todos os pilotos. É o principal campeonato do automobilismo. Nunca se sabe como vai ser no futuro. Se amanhã eu tivesse uma proposta, eu ia olhar com muito carinho. Mas meu foco é na Fórmula E, é onde é minha oportunidade. Eu acredito muito neste campeonato. Vai surfar essa onda dos carros elétricos. Automobilismo tem de acompanhar a tecnologia das ruas", disse. Sobre a FE, o brasileiro exalta, dizendo que cada vez mais as tendências das ruas estarão em equilíbrio com a categoria elétrica. "A relevância do esporte fica maior com o passar do tempo, não só para as fábricas, como para os fãs. O fã que tiver carro elétrico vai se identificar mais com carros elétricos. Um carro a combustão pode estranhar. E tem o fato das fábricas estarem aqui, o dinheiro será injetado aqui. O campeonato toma uma proporção maior. Acredito que aqui é o futuro", finalizou.