A alemã Audi adquiriu o controle acionário da suíça Sauber no início da temporada e vai estrear na F-1 com uma vantagem financeira em relação aos seus adversários. De acordo com a Federação Internacional do Automóvel (FIA), o custo de vida em torno de 40% mais alto no país helvético em relação ao praticado na Grã-Bretanha e na Itália (onde estão nove das dez equipes inscritas no campeonato, justifica a concessão e não afeta o equilíbrio econômico estabelecido em 2021.
Por seu lado as manobras exacerbadamente arrojadas que Max Verstappen usa para se defender dos ataques de Lando Norris - único piloto que ainda pode evitar que ele chegue ao quarto título consecutivo -, finalmente foram punidas. Se em Austin o britânico foi penalizado em 5 segundos, na Cidade do México foi a vez do holandês ser obrigado a parar nos boxes por um tempo quatro vezes maior, consequência do seu comportamento em duas ocasiões durante a corrida de domingo.
Desde 2021 a F-1 impõe às equipes que disputam o Campeonato Mundial um teto de gastos que visa a equilibrar toda a categoria. Inicialmente esse valor era de US$145 milhões, e nos dois anos seguintes foi reduzido em parcelas de US$5 milhões. Atualmente o teto de gastos é de US$135 milhões (cerca de R$770,85 milhões ao câmbio atual). Em 2026, em função da mudança de regulamento técnico, inflação, variação cambial desde que a norma foi baixada, em será ajustado para US$ 215 milhões (R$ 1.228 bilhão). Além disso, também foi considerada uma mudança nas normas britânicas que agora não permitem abater do faturamento bruto os gastos com pesquisa e desenvolvimento. Ainda não está definido o valor do bônus que a FIA irá autorizar para a Audi, mas como o salário médio dos seus funcionários suíços varia entre 35% e 45% superiores aos praticados pelas equipes sediadas na Inglaterra e na Itália, já se pode ter uma ideia de quanto poderá ser esse bônus.
Demorou, mas finalmente algo foi feito para conter o arrojo exacerbado de Max Verstappen em se defender de Lando Norris. As atitudes do holandês ganham mais críticos a cada corrida, situação que é cíclica naF-1 e que tem Alain Prost, Ayrton Senna, Michael Schumacher, Fernando Alonso e Lewis Hamilton como personagem de situações semelhantes. Por mais que se diga que o piloto está defendendo sua posição, a maneira como isso acontece quando esses nomes estão, ou estiveram, à frente é algo distante do que se espera de um espetáculo aguerrido e disputado.
Evidentemente não se trata de deixar o adversário superar quem está à frente, porém a história da categoria também tem registros de disputas antológicas que empolgaram sem apelar para manobras discutíveis. Gilles Villeneuve e René Arnoux no GP da França, em Dijon-Prenois, 1979; a batalha entre Elio De Angelis e Keke Rosberg no GP da Áustria de 1982, em Zeltweg; a recuperação de Stefan Bellof e Ayrton Senna sobre Alain Prost no ensopado GP de Mônaco de 1984 em cima de Alain Prost; no final do GP da Espanha, em Jerez, 1986, entre Ayrton Senna e Nigel Mansell e a disputa entre Ayrton e Gerhard Berger no GP do Japão, em Suzuka, 1991 são apenas alguns exemplos.
Verstappen, é bom lembrar, está vivendo um período de inferno astral: recentemente foi admoestado pela FIA por usar palavras chulas em entrevistas durante os GPs e na reunião de pilotos na Cidade do México vários pilotos solicitaram que a FIA esclareça o que é válido e o que é proibido nas disputas de posição. O assunto vai render bastante no final de semana. Não bastasse a ousadia do holandês, o neozelandês Liam Lawson já demonstrou, às custas de Fernando Alonso e Sérgio Pérez, que Verstappen não está sozinho nessa causa mais ingrata do que emocionante.
O resultado completo do GP da Cidade do México, corrida que teve o pole position Carlos Sainz como vencedor e amplo dominador, você encontra aqui.
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