Oferta, demanda e riscos

Retorno da F-1 a Las Vegas é marcado por preços inflados e baixa demanda. GP de São Paulo gerou R$ 46,5 milhões em impostos para a cidade.

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Wagner GonzalezConversa de pista

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Por Wagner Gonzalez
3 min de leitura
Após 41 anos Las Vegas volta a receber a F-1 (Las Vegas City Council)  

Construir um circuito de rua é um empreendimento caro e que demanda amplo espectro de oportunidades para evitar prejuízos. Dito isso, difícil encontrar um local mais adequado para assumir esse risco do que Las Vegas, a mundialmente conhecida cidade de cassinos e hotéis de enormes dimensões de lucros e luminosos. Toda a preparação para trazer a outrora "Cidade do Pecado"(Sin City) de volta ao calendárioda F-1 parece ter cometido uma avaliação muito mais do que otimista ao estimar o tempo e a forma de obter o retorno do investimento - R.o.I. para os íntimos em economia.

Novo circuito terá um edíficio construído para abrir boxes e camarotes de VIPs (Formula 1)  

Las Vegas é cidade mais conhecida do Estado de Nevada, cuja capital, Carson City tem bem menos de 10% de habitantes do que as 640 mil pessoas que vivem ali, de acordo com o censo de 2020. Pior, impossível imaginar o que aconteceria se Carson City recebesse os mais de 3 milhões de turistas que se aventuram na cidade dominada por luminosos enormes em meio a hotéis e cassinos ainda maiores e mais extravagantes. Diante de números como esses e a incessante busca por novas atrações de entretenimento, a Liberty Media imaginou obter retorno bem mais rápido do que a economia mundial pode oferecer. Com esse objetivo, a atual detentora dos direitos da F-1 estabeleceu basesque os enormes hotéis da cidade cobrassem preços exorbitantes para o fim de semana que marca o retorno da categoria à cidade. Foi no estacionamento do hotel Caesars Palace que Nelson Piquet conquistou o primeiro dos seus três títulos mundiais, em 1981, e onde Keke Rosberg selou a proeza de ser campeão da temporada de 1982 mesmo vencendo uma única corrida, o GP da Suíça, corrida disputada na gastrônomica e francesa Dijon.

Diante da demanda abaixo do esperado, hotéis como o Link baixaram suas tarifas para três dias (check in 16/11 e check out 19/11) de US$ 2.700,00 para US$ 810,00 - algo como reduzir de o preço de R$ 13.500,00 para R$ 4.000. O Caesars Palace reduziu suas tarifas para US$ 2.420, valor 28% menor do que o pedido para o mesmo período, um mês atrás. Para além dos hotéis, os organizadores também enfrentaram problemas ao notar que a venda de ingressos estava muito abaixo do esperado. Entra em cena uma redução média de 60% na tabela de preços para esses bilhetes.

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Dito isso, os promotores do GP de São Paulo celebram um resultado muito mais animador. Os responsáveis pela competição organizada pela Brasil Motorsport (empresa controlada pelo fundo árabe Mubadala), divulgaram o resultado de estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas e que indica o impacto financeiro de R$1,64 bilhão para a cidade de São Paulo. Esse valor é 12,9% superior ao registrado em 2022 e inclui R$ 246,5 milhões em impostos. Contribuiu para isso o aumento de público 47% em relação a 2021, até então considerado o maior da competição.

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