É antigo o depoimento de um jovem que confessa ter participado do assassinato de um eleitor do presidente Jair Bolsonaro (PL), em Fortaleza (CE). A gravação circula fora de contexto nas redes sociais, sem indicação de data, dando a entender que seria recente. O crime de fato foi motivado pela preferência política da vítima, um homem de 40 anos -- mas ocorreu em 29 de outubro de 2018, logo após o segundo turno das eleições.
Em um vídeo que circula no WhatsApp, um homem não identificado admite seu envolvimento no delito. À época, o assassinato e a divulgação do vídeo foram noticiados pelo jornal O Povo. Leitores solicitaram a checagem deste conteúdo pelo WhatsApp do Estadão Verifica, (11) 97683-7490.

O vídeo mostra um jovem, com o rosto censurado, questionado a respeito do assassinato de um homem que teria votado em Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2018, razão pela qual foi executado. "Aí os caras lá mataram por quê?", perguntou uma pessoa que não aparece na gravação. "Mataram porque ele dizia que ia votar no Bolsonaro", respondeu o jovem. Depois disso, ele confessa que a vítima foi torturada, o que foi confirmado pela investigação. No final do vídeo, aparecem imagens de muros pichados com frases como "Se votar no Bolsonaro morre".
Em nota, a Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE) informou que 11 pessoas participaram do crime. A vítima foi raptada pelos envolvidos, torturada e executada no bairro Jangurussu, em Fortaleza. As investigações foram conduzidas pelo 7º Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o Ministério Público do Estado do Ceará e a Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA) da PC-CE.
Repercussão fora de contexto
No WhatsApp, o vídeo está repercutindo como se tivesse ocorrido recentemente, trazido para o contexto das eleições de 2022. Na semana passada, um eleitor de Bolsonaro foi preso após matar a facadas um apoiador de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em Confresa (MT). O delegado responsável pelo caso confirmou ao Estadão que o crime ocorreu após uma discussão política. A campanha presidencial é a quarta mais violenta do período democrático, com registro de 23 assassinatos por motivações políticas.