É falso que o Brasil seja o país com maior taxa de recuperação de pacientes com a covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Essa alegação tem circulado de forma viral no Facebook acompanhada de uma tabela com dados retirados do site Worldometers no dia 20 de abril -- apesar de os números estarem corretos, a listagem omite países com mais casos de recuperação e faz comparações inadequadas.

Não é possível comparar a taxa de recuperação de cada nação pois a capacidade de testagem de cada governo é limitada. Ou seja, tanto a cifra de infectados quanto a de recuperados está subnotificada. No Brasil, especialistas apontam que o número real de casos de coronavírus pode ser até 12 vezes maior do que o divulgado oficialmente.
Veja abaixo uma tabela com a taxa de testagem nos países mais afetados pela pandemia do novo coronavírus. Os números se referem ao número de testes aplicados a cada milhão de habitantes até esta quinta-feira, 23 de abril. Repare que o Brasil está em uma das últimas colocações.

Mesmo que a comparação entre diferentes países fosse cabível, o Brasil não teria a maior taxa de recuperados do mundo. Na tabela abaixo, reunimos os dados das nações mais afetadas pelo novo coronavírus e os comparamos com os números brasileiros. A porcentagem de recuperação em relação ao total registrado de infectados é maior na China, no Irã e na Alemanha. Esses países não são mostrados na postagem enganosa no Facebook.
O Aos Fatos também checou essa postagem.
Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.
Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.