Não é verdade que um vídeo mostre o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em encontro após o segundo turno com o líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Willians Herbas Camacho - mais conhecido como Marcola. Ao Verifica, a assessoria de imprensa de Lula afirmou que o petista se referia, na verdade, ao assessor da sigla, Marco Aurélio Santana Ribeiro, também apelidado de Marcola.
O vídeo foi gravado no dia 29 de outubro, véspera do segundo turno, antes de uma coletiva de imprensa no comitê de Fernando Haddad (PT), na rua Carlos Sampaio, em São Paulo. A coletiva está registrada no canal do Partido dos Trabalhadores no YouTube e é possível identificar que Lula utilizava as mesmas roupas do vídeo checado.

"Como é de conhecimento público, a pessoa a quem o ex-presidente se refere nesta ocasião e em diversas outras é seu assessor de muitos anos Marco Aurélio Santana Ribeiro, sociólogo, mestre em Ciência Política, cujo apelido é Marcola", informou a assessoria do petista, em nota.
O vídeo original foi publicado pela conta Instagram, o Sindicato informou que o papel entregue a Marcola no vídeo é uma lista de reivindicações da entidade.
Peças desinformativas associam Lula ao PCC
Não é a primeira vez que peças desinformativas associam Lula ao crime organizado, em especial ao PCC e ao líder da facção, Marcola. Em outubro, uma declaração do então candidato à Presidência da República em evento da Central Única dos Trabalhadores (CUT), que citava o assessor, também viralizou. Em outra ocasião, durante discurso após deixar a prisão na sede da Polícia Federal em Curitiba (PR), em 2019, Lula agradeceu, dentre outras pessoas, o "companheiro Marcola", trecho que também foi utilizado em publicações falsas.
No dia do primeiro turno das eleições, 2 de outubro, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, determinou a remoção das postagens sobre suposta declaração de voto do chefe do PCC ao então candidato Lula, classificando as publicações como "inverídicas e descontextualizadas". O conteúdo falso foi, inclusive, compartilhado pelo candidato rival Jair Bolsonaro (PL).
Na decisão, Moraes lembrou que Marcos Willians Herbas Camacho não teria como votar em Lula, já que o detento está com os direitos políticos suspensos por causa de uma condenação. Marcola, inclusive, está preso em uma unidade prisional em Porto Velho, em Rondônia, após ser transferido da Penitenciária Federal de Brasília em março deste ano. Sendo assim, é impossível que Lula tenha se encontrado com o líder da facção, já que o vídeo em questão foi gravado no sábado em São Paulo.
Em outras tentativas de associar o presidente eleito ao tráfico de drogas, Bolsonaro e aliados distorceram as letras 'CPX', que estampavam o boné usado por Lula em campanha no Complexo do Alemão no dia 12 de outubro. Defendida erroneamente como sigla para 'cupinxa' - gíria para parceiro, escrita corretamente como cupincha -, as letras são, na verdade, uma abreviação para 'Complexo'.
O Fato ou Fake também checou este vídeo.