O que estão compartilhando: que o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse que o uso de algemas em deportados poderia causar acidentes durante o voo.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. A declaração do ministro que circula nas redes sociais é apenas um trecho da fala dele. Vieira foi questionado por um jornalista sobre o motivo de o primeiro voo de deportados da gestão Trump ter causado uma crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos, uma vez que quando Biden era presidente, os brasileiros também viajavam algemados. O vídeo não mostra o início da resposta, quando o chanceler explica que, no voo em questão, foi constatado que os passageiros viajaram em condições degradantes.

Saiba mais: Circula no Instagram um vídeo que mostra o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, dizendo que a crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos causada após o primeiro voo de deportados do governo Trump ocorreu porque a aeronave poderia apresentar problemas técnicos.
Voo teve falta de ar condicionado, de comida e fogo em turbina
Uma crise se instalou entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos por causa da deportação de brasileiros em condições degradantes, reveladas em 24 de janeiro. Naquela noite, chegou o primeiro voo de deportados brasileiros durante o governo de Donald Trump.
O destino final seria o aeroporto de Confins, Belo Horizonte, mas o voo apresentou problemas técnicos e pousou em Manaus. Com medo de que a aeronave apresentasse novas falhas, os passageiros se mobilizaram para que ela não levantasse voo. Eles conseguiram abrir uma das portas de emergência e chamar os funcionários do aeroporto, como revelou o Estadão. Nesse momento, alguns deles foram agredidos por tripulantes americanos.
Passageiros revelaram que viajaram durante todo o tempo algemados e não eram liberados nem para ir ao banheiro. O ar-condicionado não funcionou e apenas um salgadinho foi oferecido como comida, apesar do voo de longa distância.
Por ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) foi acionado para levar os deportados da capital do Amazonas até Belo Horizonte. No translado entre uma aeronave e outra, os passageiros foram vistos usando algemas nos pés e nas mãos.
Apesar de o uso de algemas nas deportações feitas pelos Estados Unidos ser corriqueiro, o Ministério da Justiça e Segurança Pública explicou que elas deveriam ter sido retiradas quando os passageiros chegaram no território nacional.
Qual foi o contexto da fala de Vieira
Na última terça-feira, 28, Vieira participou de reunião com o presidente sobre as condições dos deportados brasileiros que estavam nos Estados Unidos. Na saída, ele falou com os jornalistas.
A publicação que circula no Instagram mostra uma das perguntas feitas ao chanceler. Quem editou o vídeo deixou de fora o início da resposta de Vieira, mostrando apenas os segundos finais de declaração.
Um dos jornalistas questiona o que houve de diferente no voo visto que desde a gestão anterior, de Joe Biden, os deportados viajam algemados.
A resposta de Vieira na íntegra foi: “Bom, primeiro que houve o acidente com o avião, quer dizer, o mau funcionamento, as condições péssimas, que nos levou buscar as autoridades americanas para encontrar justamente condições adequadas. Porque nós não podemos admitir que as pessoas venham com aquele tipo de tratamento. Inclusive correndo riscos maiores, porque o avião poderia ter sofrido acidentes e problemas mais graves”.
No entanto, o vídeo que circula nas redes sociais corta o início da resposta de Vieira e mostra apenas os segundos finais quando ele diz: “porque o avião poderia ter sofrido acidentes e problemas mais graves”.
O mesmo conteúdo foi checado pelos Aos Fatos e pelo Uol Confere.