O que estão compartilhando: vídeo em que o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e o jornalista e apresentador da TV Globo César Tralli parecem anunciar uma indenização do governo federal, que poderia chegar a R$ 7 mil. A informação sobre a indenização teria sido veiculada no Jornal Hoje, apresentado por Tralli; Nikolas parece comentar uma notícia do portal UOL. Na gravação, ambos orientam o usuário a clicar em “saiba mais” para consultar os valores disponíveis para saque.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. O deputado e o apresentador tiveram a imagem e voz manipuladas por inteligência artificial para divulgar uma indenização que não existe. A ferramenta Hive AI Detector, que identifica o uso de IA em imagem, áudio e vídeo, apontou uma probabilidade 99,4% de que o vídeo tenha sido gerado pela tecnologia ou seja um deepfake. O Verifica pesquisou a manchete do Uol que aparece na peça verificada e identificou que o conteúdo não foi publicado pelo veículo de imprensa (aqui). O Jornal Hoje não veiculou a reportagem que aparece no vídeo.

Saiba mais: publicado no Facebook no dia 18, o vídeo orienta o usuário a clicar no botão “saiba mais” para verificar o valor da suposta indenização que estaria liberada para brasileiros. Ao clicar, o usuário é redirecionado para um site que utiliza o logotipo da plataforma Gov.br. No site falso, é solicitado o CPF para realizar a consulta. Conforme explicou o Estadão Verifica, o CPF em mãos erradas pode ser utilizado para criar cadastros falsos e aplicar golpes.
Essa não é a primeira vez que o deputado federal Nikolas Ferreira e o jornalista César Tralli têm suas vozes e imagens manipuladas para divulgar indenizações ou falsos programas associados ao governo federal. Em checagens anteriores, o Verifica desmentiu postagens que usaram conteúdos gerados por IA para enganar sobre valores a receber (aqui, aqui e aqui).
No caso analisado aqui, a ferramenta Hive AI Detector indicou fortes evidências de que o vídeo aqui verificado foi produzido por inteligência artificial ou se trata de um deepfake.

Peças de desinformação que prometiam falsas indenizações foram desmentidas pela Secretaria de Comunicação Social do governo federal (aqui e aqui). Segundo a pasta, toda vantagem deve ser checada, pois pode ser uma porta de entrada para golpes financeiros ou representar risco para os dados pessoais dos usuários.
Outro ponto importante a ser observado é o final do endereço da página. A extensão “.br” caracteriza os sites brasileiros na internet. O site divulgado na postagem utiliza o domínio verifique-quantia.com, o que indica que ele não pertence ao catálogo de sites brasileiros.
“O governo federal não hospeda sites e sistemas usando extensões estrangeiras”, informou a Secom. “Se você receber algum link mencionando uma política pública ou ação do governo que a home page não termine em ‘.br’, você pode estar diante de uma ameaça virtual”.