Os processos químicos são responsáveis por boa parte do conforto que a humanidade alcançou nas últimas décadas, mas também por impactos ambientais e acidentes graves. "Acidente químico pode ser o tombamento de um caminhão, um incêndio dentro de uma fábrica, uma explosão de um compartimento com amônia - ou ainda contaminação de lençóis freáticos", afirma a diretora de Qualidade Ambiental na Indústria, do MMA, Sérgia Oliveira. Ela afirma que há imensa demanda com relação a substâncias específicas no Brasil, como agrotóxicos, mercúrio, chumbo e amianto."Nós não temos uma política de substâncias químicas em geral no Brasil. Tratamos as substâncias muito pontualmente. Por isso, é mais complicado mapear se conseguimos - ou não - gerenciar todas as substâncias químicas no País. Essa é uma preocupação permanente", diz Sérgia.Ela afirma que o MMA está fazendo um esforço de tratar o assunto de forma integrada. "Trabalhamos muito atendendo a obrigações decorrentes de convenções internacionais, o que inclui vários agrotóxicos. Estamos fazendo um mapeamento de passivos de contaminação por poluentes orgânicos persistentes, os chamados POPs."O mapeamento servirá para identificação de hotspots de contaminação, que necessitam uma atuação mais intensiva. "Também fizemos um inventário de dioxinas e furanos, para saber quais os setores da economia que mais os produzem."As dioxinas são conhecidas como as substâncias mais tóxicas que o homem já criou. Química verde. Na tentativa de tornar menores os impactos das atividades químicas, no início da década de 90 surgiu a chamada "química verde". O professor Eder João Lenardao, do Laboratório de Síntese Orgânica Limpa da Universidade Federal de Pelotas, afirma que essa vertente da química se ocupa de todo o ciclo de vida do produto, desde a forma como é extraído até a logística de transporte e produção. "Também as condições a que estão expostos os trabalhadores da indústria e, posteriormente, a utilização dos produtos e o que acontece depois que foram usados ", explica ele, citando o caso do bisfenol, recentemente retirado do mercado. "A química verde tem a ver com redução: de matéria-prima, de derivados não desejados, de resíduos, de impacto ambiental, do gasto de energia. E substituir os derivados de petróleo, que são mais de 95% de toda a matéria prima da indústria química atualmente", diz Lenardao. A química verde tem 12 princípios, um deles o uso de matéria prima de fontes renováveis. "O polietileno de bioetanol continua não sendo biodegradável, mas o CO2 gerado vai ser capturado pela cana. Já é um ganho." / K.N.