Houve avanços, mas há necessidade de investir no professor

PUBLICIDADE

Por Análise: Jorge Werthein
Atualização:

O relatório Pisa 2009 traz a boa notícia do avanço do Brasil, fruto de um esforço que precisa ser reconhecido. Sabemos o quanto é difícil avançar num país com as dimensões do Brasil, com políticas descentralizadas. E o documento da OCDE mostra a necessidade de um conjunto coerente de medidas para que ocorra uma transformação para melhor. Educação é responsabilidade compartilhada: não depende só do presidente da República e do ministro da Educação dizerem que ela é prioritária. Isso deve ser dito e assumido por todos os responsáveis pela implementação das políticas educacionais nos Estados e municípios.Enquanto festejamos esse avanço, temos de atentar para os desafios que persistem. Temos mais de 50% dos estudantes na faixa dos 15 anos com níveis 1 e 2 de proficiência em leitura, de uma escala com seis níveis. A situação é pior na área de matemática: apesar da redução de seis pontos no número de estudantes com baixa performance, ainda estamos com 69% deles nos níveis 1 e 2.Em ciências, o avanço foi semelhante ao do desempenho em matemática, mas 54% dos estudantes ainda estão nos níveis inferiores, incapazes de identificar um tema científico dentre diversos outros. Temos de reforçar o currículo de ciências. O relatório reafirma o papel da educação no desenvolvimento sustentável das nações. O Pisa 2009 nos chama atenção para o papel fundamental do principal agente nesse esforço por maior qualidade e equidade na educação: o professor. O relatório insiste na necessidade da excelência em sua formação, no reconhecimento social de sua tarefa, da importância da sua carreira e da retribuição aos seus esforços. E aponta a importância de levar os melhores professores às escolas e aos alunos com maiores dificuldades. Essa seria uma das maneiras mais rápidas e eficientes de romper o círculo vicioso da reprodução das desigualdades no sistema educacional.Soluções para a educação podem parecer difíceis e demoradas, mas não precisam ser assim. E essa é outra revelação que o relatório faz: há exemplos de locais que cresceram espetacularmente no Pisa em prazos menores, em seis anos, como Xangai/China, Polônia e Catar. Os esforços em todo o mundo mostram que a melhoria da qualidade da educação é um desafio mundial. Podemos, portanto, nos sentir bem acompanhados e felizes pelo fato de estarmos no caminho certo. Mas temos de reconhecer que, nessa corrida global, os parceiros também avançam.É DOUTOR EM EDUCAÇÃO POR STANFORD, FOI REPRESENTANTE DA UNESCO NO BRASIL E É VICE-PRESIDENTE DA SANGARI NO BRASIL

Comentários

Os comentários são exclusivos para cadastrados.

Últimas:

Mais em

Mais lidas