Os maiores predadores do norte do Oceano Pacífico podem perder até 35% de seus hábitats até o final deste século por causa das mudanças climáticas, de acordo com um estudo publicado anteontem na revista Nature Climate Change. Para fazer a pesquisa, um grupo de 11 especialistas dos Estados Unidos e do Canadá analisaram dados relativos a 4,3 mil animais monitorados por mais de uma década. Eles também observaram como as mudanças de temperaturas previstas alterariam as áreas das quais esses animais dependem para alimentação e abrigo e calcularam que alguns hábitats podem ficar quase mil quilômetros mais distantes, enquanto outros permaneceriam inalterados em sua maioria. De acordo com os cientistas, essas mudanças afetariam cada espécie de modo distinto. Para algumas que já estão ameaçadas - incluindo a baleia-azul e a tartaruga-cabeçuda -, isso configura uma maior dificuldade para encontrar comida. "Elas terão de viajar cada vez mais longe a cada ano apenas para se alimentar", afirmou Elliott Hazen, o principal autor do estudo, do Centro de Ciências Pesqueiras da Administração Nacional dos Oceanos e da Atmosfera dos Estados Unidos.Algumas espécies que sobrevivem apenas em um intervalo pequeno de temperaturas, como o salmão, o tubarão-azul e o tubarão-mako, também serão prejudicadas, dizem os cientistas. Ao mesmo tempo, algumas espécies de maior mobilidade, como o atum e os pássaros marinhos, poderiam se beneficiar dessas mudanças, porque teriam mais facilidade para se adaptar ou teriam oportunidades maiores de encontrar comida. Áreas-chave. Os cientistas identificaram áreas-chave de hábitats com medições por satélite da temperatura na superfície da água e da clorofila A, que indicam a produtividade de um local marinho. Também foram considerados padrões de migração das espécies e as projeções de aumento da temperatura até 2100 realizadas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU.A área que mudaria de forma mais dramática seria a Zona de Transição do Pacífico Norte, um local onde as águas polares, ricas em nutrientes, entram em contato com as águas mais quentes e com menos alimento. De acordo com a pesquisa, essa linha de transição - um largo corredor migratório que vai da Califórnia ao Japão - mudaria 965 quilômetros para o norte durante a maioria das estações. Isso poderia resultar em uma perda de diversidade de até 20%. Entretanto, a Corrente da Califórnia não seria afetada, porque nessa área a água fria continuaria a subir à superfície. / AP
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