A edição que celebra os 15 anos da Fashion Week não poderia ser melhor. O prédio da Bienal foi todo preenchido por uma caprichada cenografia, inteiramente sustentável. O evento mostrou-se extremamente democrático, recebendo convidados e celebridades de todos os calibres e respeitando as formas de diversidade. E o momento é ideal para comemorar: a moda tem se mostrado um mercado sólido, com números que não param de crescer.
Quanto às tendências, elas aparecem bem menos marcantes, cada vez mais diluídas. Isso quer dizer que as grifes não seguem mais o que ditam os birôs de estilo, elas procuram desenvolver sua própria identidade, isto é, copiam menos e criam mais. Daí, há coleções mais autorais, com características próprias e que oferecem mais possibilidades de escolha para seus consumidores. Ainda assim, dá para identificar algumas das referências que vamos ver nas vitrines e nas ruas e que vão virar mania e desejo da estação.
1 - Texturas
A ideia é explorar materiais diferenciados para criar novos efeitos nas peças. Podem ser bordados elaborados (Iódice), minipérolas salpicadas (Herchcovitch e Reinaldo Lourenço), paetês foscos com aparência aveludada (Tufi Duek) e até elementos inusitados, como as pequenas chapas de cerâmica aplicadas da Maria Bonita. Vale também o uso de lãs bem felpudas, franjas, plumas... tudo para dar um aspecto exclusivo, enriquecer as peças e torná-las únicas.
2 - Tecnologia
Ela não está só nos gadgets e na internet. Ainda sob o conceito de trazer ineditismo às roupas, é natural que surjam novos tecidos e efeitos visuais. Na Ellus, com desfile em forma de um filme em 3D e coleção com ares futuristas, o grande lançamento foi o jeans que se ilumina no escuro e brilha à luz do dia. A Triton apresentou uma coleção de peças estampadas com tecidos reflexivos em tom de furta-cor. Variações do jacquard e do lamê com fios metalizados ganharam espaço na Huis Clos. Pronta para a nova era?
Rendas
Unanimidade nas passarelas, desde as clássicas como a da Huis Clos, até as mais contestadoras, como a de Herchcovitch, a renda é protagonista na estação. Ela aparece em looks inteiros, deixando a pele à mostra e exalando sensualidade (Samuel Cirnansck), ou em detalhes, revelando pequenas partes do corpo. Sobrepostas a tecidos coloridos, como a floral da Triton, ganham charme. Feminilidade elevada à máxima potência.
Selvagem
Veremos também pelos, muitos pelos - especialmente de coelho - compondo vestidos (Iódice), golas (Reinaldo Lourenço) e estolas (Ellus). Para os simpatizantes do PETA, há as versões sintéticas, em casacos (os mais descolados são da Colcci), chapéus (Osklen) ou apenas enfeitando as roupas (Huis Clos). Apesar do nosso frio tropical, pode apostar neles!
Couro
Vedete das coleções, o novo couro está mais leve e fino, pode ser amassado como um pergaminho (Animale), ter um aspecto opaco (Cori), uma aparência desgastada (Samuel Cirnanask), ou ser recortado em tiras e entremeado com transparências (Reinaldo Lourenço). Está em vestidos curtos e longos, ou em belos casacos e jaquetas - estas vão virar curingas no guarda-roupa. Tem também o jeans com tratamento que imita couro (Ellus), que foi reeditado e tem tudo para ser um hit da temporada.
Em detalhes
Peça-tendência: a saia longa, com perfume dos anos 70 (entre os novos adeptos estão Juliana Jabour e Tufi Duek).
Momento inesquecível: quando a moda une-se à arte, como na coleção da Neon, inspirada no surrealismo.
Estampa marcante: a com desenho de bocas de Reinaldo Lourenço.
Desfile-revelação: pelos shapes e desenhos obtidos no tricô por Lucas Nascimento, que marcou a estreia da grife Ghetz.
Elemento de styling: as luvas, ainda fora do hábito das brasileiras, vieram como uma ótima ideia para incrementar as nossas produções.
Cartela de cores: predominaram os tons neutros, como o branco, o cinza e o preto - não faltaram looks all black. Mas o azul, o laranja e o vermelho marcaram presença em tons vivos.
Para adotar: vestidos de feltro com maxigolas da Osklen.
Acessório de peso: os sapatos continuam abotinados, e os solados, bastante altos. Destaque para as plataformas e os saltos anabela, como os da Cori e da Ghetz.
O que continua: as transparências, especialmente em recortes ou sobreposições, e as peças inspiradas em lingeries, como os corsets e as hotpants. Ótimos quando usados juntos.
35DesfilesAconteceram na Bienal de SP entre 28 de janeiro e 2 de fevereiro